Contrariado pelo presidente da Petrobras, Bolsonaro recua e diz que preço do diesel será reajustado em breve

 
De olho na corrida presidencial de 2022 e preocupado com o derretimento do seu projeto de reeleição, o presidente Jair Bolsonaro modula o próprio discurso ao sabor do vento. Tal comportamento decorre da necessidade do chefe do Executivo de não desagradar ainda mais a opinião pública, continuamente açoitada pela inflação, e manter unidos os “talibãs bolsonaristas”.

Nesta segunda-feira (27), Bolsonaro afirmou ter conversado com o ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, sobre como “melhorar ou diminuir” os preços dos combustíveis e do gás de cozinha. “Hoje falei com o ministro Bento, conversando sobre a nossa Petrobras, o que nós podemos fazer para melhorar ou diminuir o preço na ponta da linha, onde está a responsabilidade”, disse o presidente durante evento da Caixa Econômica Federal.

“Alguém acha que eu não queria a gasolina a R$ 4? Ou menos? O dólar R$ 4,50 ou menos? Não é maldade da nossa parte. É uma realidade. E tem um ditado que diz: ‘Nada não está tão ruim que não possa piorar’. Nós não queremos isso, afirmou.

Em mais uma investida no campo da vitimização, Bolsonaro fez referência ao ataque sofrido durante a campanha de 2018. “Se a facada fosse decisiva naquele momento, é só imaginar quem estaria no meu lugar. O perfil dessa pessoa, o seu alinhamento com outros países do mundo, em especial, aqui da América do Sul, onde nós estaríamos agora”, logo após referir-se à Venezuela.

Em outro ponto do descabido discurso, o presidente tentou de desvencilhar da responsabilidade pela situação econômica do País. “Mil dias de governo com uma pandemia que muitos acham que o que acontece hoje no tocante à economia – inflação, preço de combustíveis, de alimentos, entre outros problemas – está acontecendo porque eu sou presidente. E não, em grande parte, pelo que nós passamos e estamos passando ainda”.

A incompetência de Bolsonaro como governante é tamanha, a ponto de tornar-se dependente do PT e do ex-presidente Lula para embasar suas estapafúrdias declarações. “Você já sabe qual o filme do futuro porque você viveu 14 anos passados esse filme. E pode ter certeza, não serão apenas mais 14 anos. Serão no mínimo 50. É isso que queremos para a nossa pátria?”.

 
Na sequência, o presidente da Petrobras, general Joaquim Silva e Luna, guindado ao posto por ocasião de discordância do governo com a política de preços da estatal, descartou qualquer alteração nos valores dos combustíveis e do gás de cozinha.

“Continuamos trabalhando da mesma forma, acompanhando a paridade internacional e o câmbio, analisando permanentemente para ver se as oscilações são conjunturais. Fazemos nossos acompanhamentos de preços”, afirmou Silva e Luna, em coletiva de imprensa convocada às pressas para tratar do tema.

Os preços dos combustíveis seguem os parâmetros do mercado internacional de petróleo e são impactados pela cotação do dólar, ou seja, a afirmação de Bolsonaro é fruto do desespero de um governante incompetente que aposta no populismo barato para concluir o mandato.

A interferência do governo federal nos preços dos combustíveis foi adotada pela então presidente Dilma Rousseff, medida que provocou, tempos depois, acabou por impulsionar a inflação. À época, o UCHO.INFO alertou para o perigo da interferência palaciana na política de preços da Petrobras.

Sem ter como manter as próprias palavras, até porque a postura do presidente da Petrobras é pautada pela lógica em termos de governança, Bolsonaro disse a apoiadores que em breve o preço do óleo diesel sofrerá algum reajuste.

“Pessoal está insatisfeito? Está. Inclusive estamos há três meses sem reajustar o diesel. Vai ter um reajuste daqui a pouco. Não vai demorar. Agora, não posso fazer milagre”, afirmou o presidente da República aos apoiadores que diariamente se aglomeram no “cercadinho” do Palácio da Alvorada. Essa declaração derruba o discurso de Bolsonaro que, satanizando o ICMS, tenta transferir aos governadores a responsabilidade pelos preços dos combustíveis.

Quando o UCHO.INFO, na última campanha presidencial, afirmou que Jair Bolsonaro não tinha competência e estofo para assumir cargo de tamanha responsabilidade, seus apoiadores nos atacaram de forma covarde, mas o tempo mostrou-se senhor da razão. O mesmo aconteceu quando afirmamos que ó economista Paulo Guedes é um teórico que tem dificuldade para colocar em prática as próprias ideias. Guedes abandonou o discurso fácil do liberalismo econômico para se transformar em boneco de ventríloquo do bolsonarismo.

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