Após posar de “bom samaritano” em Aparecida, Bolsonaro defende armamento e diz que não tomará vacina

 
Ao longo da última corrida presidencial, o UCHO.INFO afirmou diversas vezes que Jair Bolsonaro não tem estofo para ocupar cargo de tamanha importância e responsabilidade como a Presidência da República. O tempo passou e sua monumental boçalidade volta a tomar conta do cotidiano, pois o presidente precisa agradar os malfazejos que o apoiam.

Depois da fracassada tentativa de golpe, em 7 de setembro passado, Bolsonaro se viu obrigado a amainar o discurso, abandonando os covardes e corriqueiros ataques ao Supremo Tribunal Federal (STF). Do contrário, a essa altura não mais estaria no cargo. Além disso, o presidente é investigado em inquéritos que tramitam no STF, alguns dos quais sob a relatoria do ministro Alexandre de Moraes, alvo principal dos ataques bolsonaristas.

Diante do descontentamento dos radicais que o adulam, Bolsonaro retomou o palavrório insano, dando novos contornos à sua estapafúrdia postura como chefe de governo. Na terça-feira (12), feriado de Nossa Senhora Aparecida, o presidente da República participou de missa na Basílica Nacional, onde foi recebido com vaias e gritos de “mito”.

Durante a homilia na missa solene no Santuário Nacional em Aparecida, o arcebispo Dom Orlando Brandes relembrou mensagem do Papa Francisco durante visita ao Brasil em 2013 e fez um apelo pelo desarmamento. O religioso disse: “Para ser pátria amada não pode ser pátria armada”. E completou sugerido que, “seja uma pátria sem ódio, uma república sem mentira e fake news”.

Dom Orlando não citou o nome do presidente, mas o duro recado foi dado. Bolsonaro, que chegou a Aparecida horas depois do sermão, foi informado por assessores sobre as declarações do arcebispo e decidiu responder nesta quarta-feira (13).

Do alto da sua corrosiva ignorância, Bolsonaro disse que até então apenas os bandidos possuíam armas de fogo. “Respeito a opinião de qualquer um aqui que seja a favor e contra a arma de fogo, mas o que acontecia no Brasil é que somente os marginais e bandidos tinham armas de fogo. Não pude alterar a lei como queria, mas alteramos decretos e portarias de modo que arma de fogo passou a ser realidade entre nós”, disse o presidente.

É importante lembrar que os mencionados decretos presidenciais que tratam do tema estão em análise no Supremo, correndo o risco de serem anulados.

 
“Disseram que ele teria falado no dia 12, não falou, ele é uma pessoa educada. Não iríamos discutir abertamente ali, até porque não tinha microfone, não tinha como discutir esse assunto”, emendou Bolsonaro, que foi obrigado a se controlar para não potencializar o prejuízo político.

“Respeito os bispos que tenham posição diferente da minha. Não é porque quando eu não quero uma coisa acho que ninguém pode tem o direito de querê-la. Nós devemos nos preocupar com a nossa liberdade, o bem maior de uma nação. Sem liberdade não há vida”, completou.

Que Bolsonaro é movido pela estupidez todo brasileiro dotado de bom-senso já percebeu, mas o chefe do Executivo não perderia a chance de protagonizar mais um espetáculo de incoerência. Afirmar que até sua chegada ao Poder apenas os bandidos andavam armados é uma heresia, pois os milicianos que agem como prazenteiros do clã presidencial não carregam incenso e lírio na cintura.

Ademais, afirmar que sem liberdade não há vida é mais uma prova cabal da estultice de Bolsonaro, que defende teses absurdas para movimentar sua base de apoio. Em suma, a figura farsesca de bom samaritano que o presidente encarnou na Basílica de Aparecida causou engulhos naqueles que conhecem razoavelmente os dogmas do Cristianismo.

O arcebispo Dom Orlando Brandes, ao concluir sua reflexão, defendeu a ciência e reforçou o pedido por mais vacinas. Nesta quarta-feira, Bolsonaro anunciou sua decisão de não tomar vacina contra Covid-19, sob a alegação de que tem anticorpos suficientes.

“No tocante à vacina, eu decidi não tomar mais a vacina. Eu estou vendo novos estudos, eu estou com o meu, a minha imunização está lá em cima, IGG está 991. Para que eu vou tomar uma vacina? Seria a mesma coisa que você jogar na loteria R$ 10 para ganhar R$ 2. Não tem cabimento isso daí”, declarou o presidente.

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