Paulo Guedes aproveitou viagem aos EUA para terceirizar a culpa pela política econômica pífia e impiedosa

 
Durante a campanha presidencial de 2018, o UCHO.INFO afirmou em diversas ocasiões que o economista Paulo Guedes – apresentado ao eleitorado como “Posto Ipiranga”, em alusão à campanha publicitária da rede de postos de combustíveis – era um teórico conhecido com dificuldade para colocar suas ideias no campo da prática.

Por razões óbvias fomos atacados pelos “talibãs” de Jair Bolsonaro e por profissionais do mercado financeiro, que acreditaram no discurso fácil do liberalismo econômico. Quem acompanha a política brasileira com proximidade e conhece a trajetória de Bolsonaro sempre soube que o discurso liberal de Guedes não resistiria ao autoritarismo torpe do presidente da República. Além disso, ao se tornar refém do Centrão – o que há de pior no Congresso Nacional –, Bolsonaro mandou o liberalismo econômico pelos ares, abrindo caminho para o proxenetismo político exercido por esse ajuntamento de parlamentares que agem como aves de rapina.

Por outro lado, quando afirmamos que a “offshore” mantida no paraíso fiscal das Ilhas Virgens Britânicas (BVI, na sigla em inglês) não é motivo para Paulo Guedes ser apeado do cargo de ministro da Economia, trata-se de mais um exercício de coerência de nossa parte, enquanto a grande imprensa do País se dedica a fermentar um fato transformada em manchete sensacionalista.

Como destacamos em matéria anterior, Guedes sequer deveria ter sido guindado ao Ministério da Economia, mas, consumado o fato, sua demissão já deveria ter ocorrido por causa do calvário econômico que o desgoverno de Jair Bolsonaro impõe diuturnamente à maioria da população, sempre a reboque da terceirização da culpa.

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Na terça-feira (12), nos Estados Unidos, para onde viajou como forma de fugir dos holofotes, Paulo Guedes disse que atualmente há inflação em todo o planeta, não sem antes afirmar que o aumento de preços de alimentos e energia é responsável por metade dos índices no Brasil.

“A inflação está [alta] em todo o mundo. Metade da inflação é exatamente comida e energia. Por isso, nossa proteção [social] ainda está lá. Vamos manter essa proteção. Vamos aumentar a transferência direta de renda para população pobre para cobrir os preços dos alimentos e da energia”, afirmou o ainda ministro da Economia durante entrevista à rede de televisão CNN Internacional.

Guedes pode alegar o que quiser para explicar a tragédia econômica que toma conta do Brasil e é impulsionada pela crise político-institucional capitaneada por Bolsonaro, mas sua gestão à frente da Economia se resume a declarações estapafúrdias e preconceituosas, muitas das quais merecedoras de explicações ainda piores depois do estrago feito.

De chofre é preciso ressaltar que se a inflação está alta em todo o planeta, brasileiro é responsável por isso. E à população cabe o direito de viver com dignidade e sem os constantes solavancos de um governo incompetente e populista.

Como destacamos em matéria anterior, o cenário para defender a queda de Paulo Guedes é formado por 14 milhões de desempregados, 19 milhões de pessoas driblando a fome, preços dos alimentos e da energia nas alturas, gasolina vendida a R$ 7 o litro, botijão de gás custando R$ 100, inflação oficial em 10% e o salário mínimo valendo R$ 1.100,00. Usar a “offshore” como desculpa é falta de sensibilidade.

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