Sem indicar até o momento a fonte de recursos para custear o Auxílio Brasil, sucessor do programa Bolsa Família, o presidente Jair Bolsonaro confirmou nesta quarta-feira (20) que o valor do benefício será de R$ 400 até o final de 2022, em inequívoca demonstração de que a medida tem viés eleitoreiro. O adicional de R$ 100 em relação ao que estava previsto inicialmente ultrapassará em R$ 32 bilhões o teto de gastos, que, segundo o presidente da República, será respeitado.
Também nesta quarta-feira, os ministros João Roma (Cidadania) e Paulo Guedes (Economia) confirmaram o novo valor do benefício, mas, fazendo eco à dissimulação de Bolsonaro, não explicaram de onde sairão os recursos.
Em discurso no Palácio do Planalto, Roma disse que o governo busca “todas as possibilidades para que o atendimento siga com responsabilidade fiscal”, mas não especificou as fontes de financiamento.
“Esse programa terá um reajuste de 20%. Esse programa é um programa permanente e que seguirá (em) 2021, 2022, 2023, e assim sucessivamente. E é um programa que está estruturado para que avance cada vez mais com políticas estruturadas para atender a esses brasileiros mais necessitados. Portanto, os 20% não é sobre um valor unitário, mas sim sobre a execução de todo um programa permanente, o programa Auxílio Brasil, que começa a ser pago no mês de novembro”, afirmou o titular da Cidadania. De acordo com a proposta do governo, a partir de 2023 o benefício não terá os R$ 100 adicionais.
Já Paulo Guedes, que até o início da semana era contra o valor de R$ 400, agora alega que a equipe econômica avalia uma forma de alterar o teto de gastos para fazer frente ao programa.
“Estamos passando de 14 milhões para 17 milhões de famílias e ao mesmo tempo indo para R$ 400. Nenhuma família vai receber menos que os R$ 400”, afirmou Guedes durante evento da Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (Abrainc). “É um enorme esforço fiscal, e o que nós temos discutido aqui é como é que nós podemos fazer isso dentro de toda a estrutura fiscal que nós temos hoje”, ponderou o titular da Economia.
Paulo Guedes sugeriu durante o evento da Abrainc que o valor que não cabe no teto de gastos (R$ 100) fique fora da regra fiscal. Em outras palavras, o governo está disposto a criar um truque para “furar” o teto de gastos e custear uma eventual retomada da popularidade de Bolsonaro.
Ao tentar explicar o que de chofre é inexplicável, o ministro afirmou que o governo Bolsonaro pretende ser “reformista e popular”, mas rejeitou a ideia de que a majoração do benefício seja uma ação populista.
“É natural também que tenha a turma com olhar econômico, mais rígido, mais duro, de responsabilidade fiscal, de proteção das gerações futuras. Nós precisamos desse olhar e desse equilíbrio”, disse.
De todo modo, independentemente de qual seja a solução a ser adotada pela equipe econômica, a manobra aumentará ainda mais o endividamento do governo federal, que com essas invencionices tem despertado a desconfiança do mercado financeiro e dos investidores.
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