Após Bolsonaro anunciar o “vale-diesel”, líder dos caminhoneiros confirma greve e fala em piada do presidente

 
O governo do presidente Jair Bolsonaro encontra em zona de turbulência que não tem prazo para acabar. Incompetente conhecido e sempre agarrado ao populismo, Bolsonaro anunciou nesta quinta-feira (21) o pagamento de um auxílio mensal aos caminhoneiros, no valor de R$ 400, como forma de compensar o preço do óleo diesel.

Após a cúpula do Palácio do Planalto ser alertada por parlamentares sobre a real possibilidade de paralisação da categoria, que pretende cruzar os braços a partir de 1º de novembro, Bolsonaro anunciou o “vale-diesel” na esperança de que os caminhoneiros fossem acolher a ideia e desistir do movimento. Contudo, não foi essa a reação dos transportadores autônomos.

“Números serão apresentados nos próximos dias, vamos atender aos caminhoneiros autônomos. Em torno de 750 mil caminhoneiros receberão ajuda para compensar aumento do diesel”, declarou Bolsonaro, durante evento no interior pernambucano.

Presidente da Associação Brasileira dos Condutores de Veículos Automotores (Abrava), Wallace Landim, conhecido como “Chorão” e uma das principais lideranças do movimento de caminhoneiros, não poupou palavras para criticar a proposta do presidente da República, que não citou a fonte de custeio do benefício.

“Eu acho que foi uma piada que ele (Bolsonaro) fez… ou será de verdade? Isso é uma piada de mau gosto. O caminhoneiro não quer esmola, quer dignidade, quer os compromissos que foram assumidos e que até hoje não saíram do papel”, disse Chorão.

O líder dos caminhoneiros tem bom acesso ao Palácio do Planalto e já participou de diversas reuniões com o ministro da Infraestrutura, Tarcísio Gomes de Freitas, para tratar de interesses da categoria.

 
Em ocasiões anteriores, o governo se valeu do bom relacionamento com Chorão para conter ameaças de greve dos caminhoneiros, mas agora a situação é diferente. Em 19 de fevereiro passado, dias após os caminhoneiros acenarem com a possibilidade de paralisação generalizada da categoria, Bolsonaro decidiu substituir o presidente da Petrobras, Roberto Castello Branco.

O chefe do Executivo indicou para o cargo o general da reserva Joaquim Luna e Silva, sob a alegação de que era preciso interferir na política de preços da estatal. Como sempre, a promessa de Bolsonaro não se cumpriu, pois o presidente da petrolífera disse que a companhia fixa os preços dos combustíveis com base na política de paridade internacional.

No último dia 2 de outubro, em entrevista à agência de notícias Reuters, Luna e Silva afirmou que, mesmo havendo pressão política, a Petrobras não mudará sua política de preços. “Não há nenhuma chance disso [controle dos preços] acontecer. A Petrobras é uma companhia muito regulada, com regras de compliance. Nenhum conselheiro vai aprovar isso’, disse Luna e Silva.

Agora, o líder dos caminhoneiros afirma que a categoria não quer “cortina de fumaça”. “Queremos algo concreto, não cortina de fumaça. A classe já deu 15 dias para o governo trazer algo concreto, mas isso não veio. Agradecemos pela piada do presidente, mas estamos num trabalho de unificação das pautas da categoria e a paralisação para o dia 1 de novembro está mantida, seguimos com a mobilização”, declarou.

“A gente vem num trabalho de tentar acreditar, fizemos várias reuniões, mas percebemos que nada saiu do papel e a categoria não suporta mais esperar. Não aguentamos mais, estamos na beira do abismo. Chega disso”, completou.

O impensado anúncio do “vale-diesel” não convenceu os caminhoneiros e repercutiu negativamente em setores da economia, a começar pelos mercados financeiro e de câmbio. Esse cenário, fruto da incompetência devastadora de Bolsonaro, refletiu na cotação do dólar e, ato contínuo, terá consequências nos preços dos combustíveis.

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