Quando tenta se defender das seguidas acusações de golpismo, o presidente Jair Bolsonaro recorre ao jargão futebolístico e diz que “joga dentro das quatro linhas da Constituição”, o que não é verdade.
Tomando por base o suposto apreço de Bolsonaro por termos relacionados ao esporte bretão, a afirmação de que Paulo Guedes tem sua confiança e continuará à frente do Ministério da Economia é semelhante à declaração de presidente de clube de futebol que diz à imprensa que o treinador está firme no cargo. Via de regra, quando isso acontece é sinal de demissão a caminho.
Em coletiva de imprensa concedida na tarde desta sexta-feira (22) ao lado do titular da Economia, Bolsonaro disse aos jornalistas que Paulo Guedes goza de sua confiança e segue como ministro. O presidente afirmou que Guedes compreende “as aflições que o governo passa”.
Distante da realidade, como sempre, Bolsonaro declarou que deseja “colocar em risco nada no tocante à economia”. “A economia está ajustada, não existe solavanco ou descompromisso”, afirmou.
A fala do presidente aconteceu após reunião com Paulo Guedes, na sede do Ministério da Economia, em meio a crescentes rumores sobre a saída do “Posto Ipiranga”, e teve impacto imediato no mercado financeiro. Depois da declaração, a Bovespa aliviou as perdas registradas desde a abertura do mercado e a cotação do dólar recuou.
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. Com crise na Economia e reação do mercado financeiro, Bolsonaro busca nome para substituir Paulo Guedes
Quem acompanha com proximidade a política nacional sabe que a reação do mercado financeiro explica a entrevista concedida por Bolsonaro, que preferiu não atravessar o final de semana com a “espada de Dâmocles” a balançar sobre sua cabeça. Até porque, o Congresso Nacional deve aprovar nos próximos dias a PEC dos Precatórios e o recrudescimento da crise instalada na economia poderia levar os parlamentares a mudarem de ideia acerca da matéria.
Enquanto garante a permanência de Guedes no cargo, o chefe do Executivo federal autorizou assessores e interlocutores a saírem a campo para encontrar um nome para assumir o comando do Ministério da Economia.
Paulo Guedes, como destacamos em matéria anterior, vem enfrentando a maledicência da ala política do Palácio do Planalto, que dias tenta emplacar Mansueto Almeida, ex-secretário do Tesouro Nacional, como ministro da Economia. Nome respeitado no meio econômico, Mansueto negou recentemente que tenha intenção de substituir o ex-chefe.
Fato é que Paulo Guedes, que era visto como ferrenho defensor do liberalismo econômico, passou a nutrir apego ao cargo, até porque nele ganhou visibilidade que não teve ao longo de sua trajetória como economista. Para tal, o ministro aceitou quase que de forma passiva a determinação de Bolsonaro para extrapolar o teto de gastos e garantir o financiamento do Auxílio Brasil, sucessor do programa Bolsa Família.
Durante a campanha presidencial de 2018, o UCHO.INFO afirmou em diversas ocasiões que Paulo Guedes era conhecido como um teórico que sempre teve dificuldades para levar suas ideias liberais para o campo da prática. Infelizmente, para o desespero da maioria dos brasileiros, o tempo mostrou que não estávamos errados.
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