Ter ignorado e desrespeitado a lei rendeu frutos aos investigadores e julgadores da Operação Lava-Jato, que desbaratou esquema de corrupção envolvendo a Petrobras e outros órgãos do governo. A exemplo do que fez o ex-juiz Sérgio Moro, que deixou a magistratura para, a convite do presidente Jair Bolsonaro, assumir o comando do Ministério da Justiça, o procurador Deltan Dallagnol renunciou ao cargo no Ministério Público Federal (MPF) para concorrer a uma vaga na Câmara dos Deputados em 2022.
Dallagnol, que sobre a prancha do histrionismo “surfou” na onda da Lava-Jato, enfrenta críticas das mais distintas, processos na Justiça e censura no Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP). Esse quadro ganhou força na esteira de um movimento para enterrar o “lavajatismo”, que denunciou e condenou com base em indícios, não sem antes desrespeitar o foro adequado das ações penais.
O procurador da República deixou o comando da Lava-Jato em setembro de 2020, após mensagens trocadas com Sérgio Moro e outros membros do MPF serem divulgados pelo site “The Intercept Brasil”, confirmando os excessos cometidos na operação.
Durante as investigações, o UCHO.INFO alertou reiteradas vezes para a importância de a lei ser respeitada, sob pena de transformar criminosos em vítimas, como aconteceu em várias ações penais anuladas pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Isso também ocorreu com as operações Castelo de Areia e Satiagraha, anuladas pela Justiça e cujos denunciados se livraram das garras da lei.
O desejo de ingressar no universo político jamais foi ocultado por Dallagnol, que foi desencorajado pelos procuradores da Lava-Jato, que temiam um eventual descrédito da operação, a exemplo do que aconteceu na Itália com a Operação Mãos Limpas.
Formado em Direito pela Universidade Federal do Paraná e com mestrado pela Universidade de Harvard (EUA), Deltan Dallagnol deve filar-se ao Podemos, mesmo partido escolhido por Sérgio Moro para concorrer à Presidência da República.
Que o Brasil é o “paraíso do faz de conta” todo cidadão coerente já sabe, mas assistir a violadores da lei desembarcarem na política com discurso moralizador é no mínimo inaceitável.
Sabem os leitores que o UCHO.INFO, responsável pela primeira denúncia – e outras tantas – sobre o Petrolão, não defende corruptos nem tem político de estimação, mas é ferrenho defensor do devido processo legal e do amplo direito de defesa, temas ignorados por Moro e Dallagnol.
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