Reino Unido aprova pílula antiviral contra Covid-19

 
O Reino Unido concedeu, nesta quinta-feira (4), autorização preliminar à primeira pílula comprovadamente eficaz no tratamento contra a Covid-19. O governo britânico é a primeira autoridade nacional a aprovar o tratamento da farmacêutica alemã Merck. No entanto, não divulgou detalhes sobre quando a pílula estará disponível no mercado.

O Molnupiravir foi licenciado para adultos a partir de 18 anos que testaram positivo para Covid-19 e tenham pelo menos um fator de risco para desenvolver doenças graves, como obesidade ou problemas cardíacos. Pacientes com sintomas leves a moderados de Covid-19 tomariam quatro comprimidos duas vezes ao dia, durante cinco dias.

“Hoje é um dia histórico para o nosso país, pois o Reino Unido é agora o primeiro do mundo a aprovar um antiviral contra a Covid-19 que pode ser levado para casa”, disse o secretário da Saúde britânico, Sajid Javid.

“Estamos trabalhando em ritmo acelerado em todo o governo e com o NHS [Serviço Nacional de Saúde] a fim de definir planos para aplicar o Molnupiravir em pacientes, por meio de um estudo nacional, o mais rápido possível”, afirmou Javid.

Um antiviral capaz de reduzir sintomas e acelerar a recuperação pode ser um marco inovador no combate ao novo coronavírus, diminuindo o número de casos em hospitais e ajudando a conter surtos em países mais pobres, com sistemas de saúde frágeis. Também reforçaria a abordagem da pandemia em duas frentes: tratamento, por meio de medicamentos, e prevenção, especialmente por meio de imunizações.

Médicos afirmaram que o tratamento com o Molnupiravir seria particularmente significativo para quem não responde bem à vacinação.

Produção limitada

No entanto os suprimentos iniciais serão limitados. A farmacêutica Merck informou que pode produzir 10 milhões de tratamentos – ou seja, 400 milhões de pílulas – até o fim de 2021, mas grande parte desse fornecimento já foi comprado por governos de todos os países.

Em outubro, autoridades do Reino Unido anunciaram que garantiram 480 mil complexos de tratamento do Molnupiravir, e estimavam que no inverno milhares de britânicos vulneráveis deveriam ter acesso a eles, através de um estudo nacional.

O Molnupiravir aguarda a conclusão de análises de reguladores sanitários nos Estados Unidos e na União Europeia (UE), entre outros. O órgão americano Food and Drug Administration (FDA) anunciou que organizara para novembro um painel de especialistas independentes incumbidos de examinar a segurança e eficácia da pílula da Merck.

 
Menos hospitalizações e mortes

A Merck e o laboratório parceiro Ridgeback Biotherapeutics solicitaram a reguladores de todo o mundo a autorização para o Molnupiravir para adultos com casos iniciais de Covid-19, que estejam em riso de desenvolver doenças graves ou hospitalização. Este é aproximadamente o mesmo grupo-alvo para o tratamento com drogas com anticorpos injetáveis, padrão de tratamento em muitos países para os pacientes com Covid-19 que ainda não necessitem ser hospitalizados.

Em setembro, a Merck divulgou resultados preliminares, segundo os quais a pílula cortou pela metade as hospitalizações e mortes entre pacientes com sintomas iniciais de Covid-19. Os resultados ainda não foram revisados por pares ou publicados numa revista científica.

A farmacêutica tampouco divulgou detalhes sobre os efeitos colaterais do Molnupiravir, comentando apenas que as taxas de sintomas subsequentes foram semelhantes entre os que receberam a pílula e os que receberam um placebo.

Alterações genéticas

O Molnupiravir ataca uma enzima que o novo coronavírus usa para se reproduzir e distorce seu código genético, o que diminui sua capacidade de se propagar e dominar mais células. Essa atividade genética levou alguns especialistas independentes a questionarem se a droga poderia causar mutações que levassem a defeitos de nascença ou tumores.

A Agência Reguladora de Medicamento e Produtos de Saúde do Reino Unido afirmou que a capacidade do Molnupiravir de interagir com o DNA e causar mutações foi estudada “extensivamente”, não tendo sido considerada um risco para os humanos.

“Estudos em ratos mostraram que [o Molnupiravir] pode causar efeitos prejudiciais à prole não nascida, embora em doses maiores do que as que serão administradas a humanos, e esses efeitos não foram observados em outros animais”, afirmou a agência britânica.

No estudo da Merck, tanto homens quanto mulheres foram instruídos a usarem anticoncepcionais ou a se abster de relações sexuais. Mulheres grávidas foram excluídas do estudo. A Merck sustenta que o medicamento é seguro se usado conforme as instruções.

O Molnupiravir foi inicialmente estudado como potencial terapia para a gripe, num projeto financiado pelo governo dos EUA. Em 2020, pesquisadores da Emory University decidiram redirecionar a droga como potencial tratamento para a Covid-19, e a licenciaram para a Ridgeback Biotherapeutics e Merck. (Com agências internacionais)

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