Sabujo de plantão, Queiroga diz que “às vezes é melhor perder a vida do que perder a liberdade”

 
No relatório final da CPI da Covid, o senador Renan Calheiros (MDB-AL) sugeriu o indiciamento do presidente Jair Bolsonaro por vários crimes em função do negacionismo torpe do chefe do Executivo, entre os quais: 1 – crime de epidemia (Art. 267 do Código Penal), 2 – prevaricação (Art. 319 do CP), 3 – atos desumanos para causar sofrimento intencional (art. 7º, parágrafo 1, k, do Estatuto de Roma).

O comportamento negacionista de Bolsonaro parece ter se alastrado entre os integrantes do governo, que preferem dar asas a teorias esdruxulas, quando deveriam defender apenas a ciência. É o caso do ministro Marcelo Queiroga, da Saúde, que em relação ao presidente da República age com nauseante subserviência.

Depois da polêmica palaciana envolvendo a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), que recomendou a exigência de passaporte vacinal para os passageiros que chegam ao País por via aérea, Queiroga anunciou a adoção de quarentena de cinco dias, descartando a comprovação de vacinação completa contra o novo coronavírus.

Queiroga disse que “não se pode discriminar as pessoas entre vacinadas e não vacinadas para a partir daí impor restrições”. Não se trata de discriminar pessoas, mas de proteger a população brasileira, que nesse cenário ficará mais vulnerável à infecção pela variante ômicron.

 
Para completar a sabujice explícita, o ministro da Saúde parafraseou Bolsonaro ao afirmar que “às vezes é melhor perder a vida do que perder a liberdade”.

Fosse o Brasil um país razoavelmente sério – não é o caso – e o presidente da República tivesse doses rasas de responsabilidade – também não é o caso –, Marcelo Queiroga teria sido demitido logo após tão estapafúrdia declaração. Como a frase é da lavra de Bolsonaro, o Brasil continua no terreno do “faz de conta”.

Quarentena de cinco dias e nada são a mesma coisa, pois na maioria dos países o isolamento para passageiros internacionais é de no mínimo dez dias, devendo aquele que desembarca permanecer no mesmo local e sem direito a saídas, com direito a monitoramento por parte das autoridades e a pesadas multas em caso de violação das regras sanitárias.

Ciente de que na eleição de 2022 a persistente crise econômica será seu maior desafio, Bolsonaro tenta com essa postura negacionista evitar que a economia piore ainda mais. Para tanto, o presidente conta com a fala criminosa do ministro Marcelo Queiroga.

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