Bolsonaro aciona a alavanca da leviandade ao afirmar que Anvisa deseja fechar o espaço aéreo

 
Como destacou o UCHO.INFO em matéria publicada na edição de segunda-feira (6), a exigência da “passaporte vacinal” para passageiros que chegam ao Brasil não interessa ao presidente Jair Bolsonaro, conhecido por seu negacionismo em relação à Covid-19, às vacinas e as medidas de combate ao novo coronavírus.

O ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF), deu prazo de 48 horas para o governo explicar a “inércia” diante das seguidas recomendações da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para exigir o “passaporte de vacinas”, como forma de conter a propagação da variante ômicron.

Preocupado em agradar aos radicais que o apoiam, Bolsonaro distorceu a recomendação da Anvisa ao afirmar, nesta terça-feira, que a agência pretende fechar o espaço aéreo brasileiro, o que não é verdade.

“Eu vejo o ministro Gilson Machado, que não está presente aqui, trabalhando com o turismo. Ninguém tem o que nós temos. Estamos trabalhando agora com a Anvisa, que quer fechar o espaço aéreo. De novo, porra? De novo vai começar esse negócio?” disse o presidente.

“Ah, ômicron. Vai ter um montão de vírus pela frente, um montão de variantes pela frente. Peço a Deus que eu esteja errado, mas temos que enfrentar”, emendou o chefe do Executivo.

 
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Que as declarações de Jair Bolsonaro são, na extensa maioria das vezes, embaladas pela delinquência intelectual todo brasileiro coerente sabe, mas afirmar que a proposta da Anvisa é fechar o espaço aéreo ultrapassa as fronteiras da leviandade.

Em pedido enviado à Casa Civil no começo de dezembro, a Anvisa alegou que o cenário da pandemia é preocupante porque, em especial, países do sul da África mais atingidos pela variante ômicron têm baixa cobertura vacinal. Ao não exigir o “passaporte vacinal”, o Brasil facilitaria a entrada de pessoas não vacinadas e eventualmente infectadas pela nova mutação do coronavírus.

No documento, a Anvisa afirma ter identificado rotas aéreas que conectam, indiretamente, o Brasil aos países incluídos nas restrições de voos. Há rotas aéreas conectando o Brasil e esses países que passam por Etiópia, Qatar, Emirados Árabes Unidos e Turquia.

A agência destacou que um novo pico de casos gerado pela variante ômicron poderia ser contido pelo aumento do número de cidadãos vacinados com a dose de reforço, ressaltando que o governo federal tem dificultado o alcance desse cenário ao não cobrar o mesmo cuidado dos estrangeiros que chegam ao País por via aérea.

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