União Europeia ameaça punir Rússia em caso de agressão à Ucrânia

 
Os ministros do Exterior dos países da União Europeia decidiram, na segunda-feira (13), impor sanções a um grupo de mercenários russos e afirmaram que quaisquer agressões contra a Ucrânia por parte de Moscou serão punidas com novas sanções econômicas.

Em encontro dos chefes das diplomacias dos países do G7 em Liverpool, no final de semana, os representantes dos Estados Unidos e seus principais aliados já haviam alertado Moscou sobre graves consequências em reação a uma possível invasão ao território da Ucrânia.

Os ministros dos 27 países da União Europeia (UE) concordaram em impor medidas de grande impacto à economia da Rússia, caso o aumento da presença militar de Moscou na fronteira ucraniana resulte em uma ação militar direta.

“Houve uma sólida concordância para que tomemos um posicionamento firme em relação à Ucrânia, em defesa de sua soberania e integridade territorial”, afirmou o chefe da diplomacia da UE, Josep Borrell.

“Os ministros, todos eles, deixaram bem claro hoje que qualquer agressão à Ucrânia virá com consequências políticas e com um alto custo econômico para a Rússia.” Ele ressaltou que as ações da UE serão coordenadas com os Estados Unidos e o Reino Unido.

A reunião em Bruxelas nesta segunda-feira foi a primeira da nova ministra alemã do Exterior, Annalena Baerbock, que tomou posse na semana passada juntamente com o novo chanceler federal, Olaf Scholz.

A Alemanha é um dos países com potencial de gerar danos mais graves à Rússia, caso Berlim decida que as ações de Putin justificam bloquear o início do funcionamento do gasoduto Nord Stream 2, que liga a Rússia ao território alemão, cuja construção foi concluída recentemente.

Baerbock, do Partido Verde, disse que se a situação se agravar, o gasoduto, cujo funcionamento ainda depende da autorização das agências reguladoras alemãs, poderá não ser ativado.

Os ministros devem ainda decidir sobre a possiblidade de os países do bloco aderirem em conjunto ao boicote diplomático aos Jogos Olímpicos de Inverno de Pequim, nos moldes dos Estados Unidos e do Reino Unido, em protesto às constantes violações dos direitos humanos no país asiático.

 
Mercenários russos punidos

Os ministros europeus acusam o Wagner Group, cujos funcionários são quase todos ex-militares, de realizar operações clandestinas para o governo russo e de violações aos direitos humanos. Também foram punidos oito indivíduos de três empresas sírias acusados de financiar os mercenários na Síria, Líbia e Ucrânia.

“O Wagner Group é responsável por abusos graves dos direitos humanos na Ucrânia, Líbia, Síria, República Centro-Africana, Sudão e Moçambique”, afirmou a UE, citando denúncias de torturas e execuções extrajudiciais praticadas pelos mercenários russos.

A Rússia nega as acusações. O presidente russo, Vladimir Putin, disse que ex-militares contratados por empresas privadas têm o direito de trabalhar e defender seus interesses em qualquer parte do mundo, contanto que não violem as leis russas. Ele assegura que o Wagner Group não representa a Rússia e tampouco é financiado pelo Estado.

As proibições de viagens e congelamento de bens, impostos para coibir qualquer governo de trabalhar com o Wagner Group, não devem ter impacto significativo sobre Moscou. Mesmo assim, diplomatas avaliam que as medidas marcam uma recrudescência da política externa europeia em relação à Rússia.

Os alvos

Entre os alvos das sanções está Dimitriy Utkin, um ex-agente do GRU (serviço de inteligência militar russo) que seria o fundador do Wagner Group, responsável por coordenar e planejar operações para o envio de mercenários para a Ucrânia.

Dois outros alvos, Denis Kharitonov e Serguei Shcherbakov, fariam parte de um grupo de mercenários que foi brevemente detido em Belarus no ano passado e enviado de volta à Rússia, segundo informou a agência estatal belarussa de notícias Belta.

Kharitonov teria lutado no leste da Ucrânia – que vive uma insurgência de separatistas apoiados pela Rússia – e derrubado um helicóptero ucraniano. Ele foi agraciado pelo Kremlin com a Ordem do Mérito pela Pátria, da Federação Russa.

As três entidades com base na Rússia associadas ao Wagner Group punidas pelas sanções europeias estariam envolvidas na produção de petróleo e gás na Síria.

As sanções ocorrem após a proibição de viagens ao território da UE imposta em outubro de 2020 a Yevgeny Prigozhin, chamado de o “cozinheiro de Putin” por estar intimamente ligado ao Kremlin. Ele é acusado de financiar o Wagner Group. (Com agências internacionais)

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