Alvo de operação da PF; pedetista Ciro Gomes fala em “Estado policialesco” e “bolsonarismo boçal”

 
Ex-governador do Ceará e pré-candidato à Presidência da República, Ciro Gomes (PDT) foi alvo nesta quarta-feira (15) de operação da Polícia Federal (PF), no âmbito de investigação sobre supostas irregularidades em obras do estádio Arena Castelão, em Fortaleza.

A PF cumpre ao todo 14 mandados de busca e apreensão autorizados pela Justiça Federal do Ceará, que atingem, além de Ciro e outros alvos, o irmão dele, o senador Cid Gomes (PDT-CE), também ex-governador do estado. Ao dar aval às buscas, a Justiça determinou ainda a quebra do sigilo bancário, fiscal e telefônico dos dois.

A investigação apura, segundo a polícia, suspeitas de “fraudes, exigências e pagamentos de propinas a agentes políticos e servidores públicos decorrentes de procedimento de licitação para obras” de ampliação do Castelão para a Copa do Mundo de 2014.

As obras de reforma no estádio ocorreram entre 2010 e 2013, durante a gestão de Cid Gomes no governo do Ceará. O inquérito teve início em 2017 e envolveu delações premiadas de executivos da empresa Galvão Engenharia.

Segundo a PF, a quebra dos sigilos bancário e fiscal é essencial para identificar possíveis pagamentos suspeitos que possam ter contribuído para aumentar a renda dos investigados.

Ciro rechaça acusações

Ciro Gomes reagiu às medidas com indignação e descreveu a ordem como “abusiva” e política. Ele negou ter qualquer ligação com o caso e ainda acusou o presidente Jair Bolsonaro de perseguir opositores.

“Não tenho mais dúvida de que Bolsonaro transformou o Brasil num Estado policial que se oculta sob falsa capa de legalidade”, afirmou em nota. “O braço do Estado policialesco de Bolsonaro, que trata opositores como inimigos a serem destruídos fisicamente, levanta-se novamente contra mim.”

 
O pré-candidato à Presidência declarou que em seus 40 anos de vida pública nunca chegou a ser acusado ou processado por corrupção, e prometeu buscar consequências legais para o “ataque” que sofreu. Ciro Gomes falou, em entrevista à CBN, sobre “bolsonarismo boçal”.

“Não tenho dúvida de que esta ação tão tardia e despropositada tem o objetivo claro de tentar criar danos à minha pré-candidatura à Presidência da República. Vou até as últimas consequências legais para processar aqueles que tentam me atacar. Meus inimigos nunca me intimidaram e nunca me intimidarão. Ninguém vai calar minha voz”, afirmou.

Operação Colosseum

De acordo com a Polícia Federal, as supostas irregularidades teriam ocorrido para que a Galvão Engenharia vencesse o processo de licitação para realizar as obras no Castelão. O valor da concorrência foi de R$ 518 milhões.

A investigação aponta suspeitas de pagamento de R$ 11 milhões em propina, que muitas vezes teria sido disfarçada de doações eleitorais para Cid e Ciro Gomes, por meio de emissões de notas fiscais fraudulentas por empresas fantasmas.

Batizada de Colosseum, a operação da PF envolveu mandados de busca e apreensão contra alvos em Fortaleza, Meruoca e Juazeiro do Norte, no Ceará, além de Belo Horizonte, São Luís e São Paulo.

Além de Cid e Ciro, foram alvo também outro irmão deles, Lúcio Gomes, e dois advogados que ocuparam o cargo de procurador-geral do estado do Ceará, suspeitos de participação no processo de licitação supostamente fraudulento e de blindarem os políticos envolvidos.

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