A Polícia Federal no Distrito Federal abriu investigação para apurar ameaças em redes sociais a diretores e técnicos da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). De acordo com a PF, as diligências já se iniciaram.
O inquérito foi instaurado na última quarta-feira (15), um dia antes de a agência autorizar a vacinação contra a Covid-19 de crianças de 5 a 11 anos, o que intensificou as ameaças. Nesta segunda-feira (20), diretores da agência receberam por e-mail novas ameaças.
Poucas horas depois da decisão da Anvisa, em sua live semanal, o presidente Jair Bolsonaro criticou a decisão da agência reguladora e afirmou que divulgarias os nomes dos diretores e do “tal corpo técnico” que aprovaram a vacinação de crianças.
No domingo (19), a Anvisa solicitou a apuração das ameaças, enviando ofício ao Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República, ao Ministério da Justiça, à Procuradoria-Geral da República (PGR) e à Polícia Federal.
No documento, os diretores da Anvisa afirmam que foram “surpreendidos com publicações nas mídias sociais na ‘internet’ de ameaças, intimidações e ofensas por conta da referida decisão técnica”.
“Esses fatos aumentaram a preocupação e o receio dos Diretores e servidores quanto à sua integridade física e de suas famílias e geraram evidente apreensão de que atos de violência possam ocorrer a qualquer momento”, diz o pedido de investigação.
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A Associação de Servidores da Anvisa (Univisa) e o diretor-presidente do órgão, Antônio Barra Torres, repudiaram as ameaças. Em nota divulgada na última sexta-feira (17), assinada por Barra Torres e por diretores do órgão, a Anvisa afirmou estar no foco do ativismo político violento e que rechaça “com veemência” qualquer ameaça ou intimidação.
“A Anvisa está sempre pronta a atender demandas por informações, mas repudia e repele com veemência qualquer ameaça, explicita ou velada que venha constranger, intimidar ou comprometer o livre exercício das atividades regulatórias e o sustento de nossas vidas e famílias: o nosso trabalho, que é proteger a saúde do cidadão”, ressalta a nota.
A Univisa enfatizou na nota que “repudia qualquer ameaça proferida contra o corpo técnico da Anvisa, bem como quaisquer tentativas de intervenção sobre o posicionamento da autoridade sanitária que não advenham do debate estritamente científico e democrático”.
Nesta segunda-feira, a Associação Nacional dos Procuradores da República (ANPR), o Fórum Nacional Permanente de Carreiras Típicas de Estado (Fonacate) e a Confederação Nacional das Carreiras e Atividades Típicas de Estado (Conacate) manifestaram apoio e solidariedade à agência reguladora e aos seus servidores.
Como destacou o UCHO.INFO em matéria anterior, não basta investigar as ameaças e intimidações aos dirigentes e técnicos da Anvisa, identificando os marginais. É preciso responsabilizar quem incentivou tal prática criminosa, no caso o presidente Jair Bolsonaro, o negacionista que insiste em adular sua turba.
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