Maioria em consulta pública do governo é contra prescrição médica para vacinação de crianças

 
Há muito perdendo terreno nas redes sociais, onde enfrenta a deserção de apoiadores não radicais, Jair Bolsonaro precisava de nova narrativa para estancar a “sangria cibernética”. Diante desse quadro, o presidente da República acionou novamente a alavanca do negacionismo e passou a condenar a vacinação de crianças de 5 a 11 anos contra Covid-19.

Com a aplicação dos imunizantes autorizada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), o governo federal, por meio do ministro da Saúde, o subserviente Marcelo Queiroga, decidiu submeter a consulta pública o processo de vacinação das crianças.

Queiroga, que não se envergonha do fato de ser sabujo, sabia que a tal consulta pública produziria resultados ineficazes, mas seguiu o script palaciano para dar asas aos desvarios de Jair Bolsonaro. Além disso, a Saúde tentou criar um empecilho à vacinação com a eventual exigência de prescrição médica, o que configura um absurdo.

Depois que a questão foi judicializada e o Supremo Tribunal Federal (STF) deu prazo até quarta-feira (5) para que o governo se pronunciasse sobre a vacinação, o ministro anunciou a chegada de vacinas para o público infantil a partir de 15 de janeiro. Em outras palavras, Bolsonaro, Queiroga e seus sequazes comprovaram que a pretensa medida serviria tinha objetivos midiáticos e eleitoreiros.

A audiência pública realizada nesta terça-feira (4), sem a participação de representantes da Anvisa, não passou de espetáculo negacionista de um governo pífio e decadente. Participaram da audiência, na condição de representantes da Comissão de Constituição e Justiça da Câmara dos Deputados (CCJ), os médicos Roberto Zeballos, José Augusto Nasser e Roberta Lacerda, contrários à imunização de crianças.

Zeballos, que surfa nas ondas do negacionismo torpe incentivado pelo governo, difundiu notícias falsas sobre a Covid-19, em agosto, em vídeo publicado no Instagram, onde tem mais de 390 mil seguidores. No vídeo, Zeballos classificou a variante delta do novo coronavírus como “pouco agressiva”.

 
À época, o médico disse ser “o primeiro brasileiro a entender o mecanismo da doença”. Quem foi contaminado pela variante delta sabe que Roberto Zeballos nada entende sobre Covid-19 e presta um enorme desserviço à população ao disparar suas descabidas teorias.

Zeballos, José Augusto Nasser e Roberta Lacerda foram convidados a participar da audiência pela deputada federal Bia Kicis (PSL-D), presidente da CCJ e apoiadora de primeira hora do presidente da República.

Ministério da Saúde

Secretária-extraordinária de Enfrentamento à Covid do Ministério da Saúde, Rosana Leite de Melo afirmou que a maioria dos participantes da consulta pública se posicionou contrariamente à exigência de prescrição médica para imunização de crianças contra o novo coronavírus. A secretária informou também que a maioria disse ser contra a obrigatoriedade da vacina.

“A maioria a se mostrou concordante com a não compulsoriedade da vacinação e a priorização de crianças com comorbidade. A maioria foi contrária à obrigatoriedade da prescrição médica”, declarou Rosana Leite de Melo.

A não imunização não apenas coloca em risco as crianças, mas as transforma em vetores de transmissão do vírus SARS-CoV-2 e suas variantes. Os hospitais de todo o País começam a registrar aumento no número de internações por Covid-19, mas o governo insiste em continuar desafiando a ciência. Isso porque Bolsonaro precisa manter seu talibã coeso até as eleições.

Em relação à pretendida exigência de prescrição médica para a aplicação de vacinas, a medida segrega boa parte da população que não tem acesso aos serviços privados de saúde. No tocante à autorização dos pais, é difícil imaginar que uma criança chegará sozinha ao posto de saúde em busca de vacina. Resumindo, o governo de Jair Bolsonaro é uma ode ao ridículo e ao vexame.

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