De olho na reeleição, Bolsonaro ataca Moro e especula sobre os próximos indicados ao Supremo

 
O presidente Jair Bolsonaro está cada vez mais preocupado com a possibilidade de seu projeto de reeleição naufragar. Na esteira da pré-candidatura de Sérgio Moro, que tem viajado pelo Brasil na esperança de se viabilizar como candidato da chamada terceira via, Bolsonaro disse que o ex-juiz da Operação Lava-Jato, em Curitiba, usou o cargo de ministro da Justiça se preparar para a corrida presidencial.

“Ele foi do meu governo para fazer um trabalho sério, para se blindar ou para se preparar para ser futuro candidato a presidente da República?”, declarou o presidente em entrevista à TV Jovem Pan.

Questionado sobre recentes críticas feitas por Moro, Bolsonaro destacou que o ex-ministro esteve à frente da pasta da Justiça por um ano e quatro meses. “Ele esteve um ano e quatro meses comigo. Não descobriu nada do governo? Prevaricou?”.

Em novo rompante de mitomania, Bolsonaro voltou a afirmar que Sérgio Moro condicionou substituir o então diretor-geral da Polícia Federal, Maurício Valeixo, à indicação para o Supremo Tribunal Federal (STF).

“Ele aceitava mandar embora o diretor-geral só em setembro, quando eu o indicasse para o Supremo. Que petulância, que petulância”, disse o presidente.

Sabem os leitores do UCHO.INFO das reservas que temos em relação a Moro por sua postura no julgamento das ações penais decorrentes da Lava-Jato, cuja parcialidade foi confirmada pelo STF, mas a afirmação de Bolsonaro é inverídica, como ficou provado em mensagem trocada pela deputada federal Carla Zambelli (PSL-SP) com o então ministro.

 
Além disso, na reunião ministerial de 21 de abril de 2020 ficou patente a intenção de Bolsonaro de interferir na PF para “blindar” familiares e amigos. O Supremo barrou a nomeação de Alexandre Ramagem, que foi acomodado no comando da Agência Brasileira de Inteligência (Abin).

A preocupação com a contínua perda de popularidade levou Bolsonaro a direcionar o discurso para os conservadores. O presidente afirmou, em entrevista à rádio Sarandi, do Rio Grande do Sul, que já tem em mente os nomes dos dois próximos indicados ao STF, algo que acontecerá em 2023, quando se aposentarão de forma compulsória os ministros Ricardo Lewandowski e Rosa Weber.

“Em 2023 tem duas vagas abertas. Eu tenho na minha cabeça quem seriam esses nomes”, afirmou o presidente, lembrando que os dois ministros do STF indicados por ele – Kassio Nunes Marques e André Mendonça – têm “liberdade” nas decisões. “Não conduzo nem peço votos para eles”, disse.

Ao lembrar que Mendonça é pastor evangélico, o presidente destacou que por “coincidência” as pautas voltadas para a diversidade vão cair nas mãos dele.

“E eu entendo que ele vai dar o tratamento à luz da Constituição. Como ele bem disse, o que é família está definido na Constituição”, afirmou. “O que é união entre duas pessoas, como está definido na Constituição.”

Em que pese o direito à livre manifestação de Bolsonaro, a Carta Magna não traz tal definição. Além disso, o STF já decidiu a favor da união entre pessoas do mesmo sexo. Ou seja, o que Bolsonaro busca é acenar para o eleitorado ultraconservador.

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