Preocupado com seu projeto de reeleição, Bolsonaro ataca ministros do STF e adversários políticos

 
Quem acompanha apolítica brasileira, em especial as bizarrices do atual governo, já percebeu que Jair Messias Bolsonaro age como líder de facção, não como chefe de Estado.

Em campanha desde que foi eleito presidente da República, em 2018, Bolsonaro dedica-se o tempo todo a criar polêmicas e atacar adversários políticos e ideológicos. Esse comportamento explica a gravíssima e múltipla crise que afeta o País.

Sempre pronto a disparar sua insana verborragia na direção dos que representam eventual ameaça ao seu projeto de reeleição, Jair Bolsonaro subiu o tom das críticas, recorrendo a afirmações torpes e rasteiras. Na terça-feira (11), em conversa com apoiadores que diariamente se aglomeram no ‘cercadinho’ do Palácio da Alvorada, o presidente chamou o governador do Maranhão, Flávio Dino (PSB) de “gordo”.

“[Um estado] governo do Partido Comunista do Brasil. Já repararam que os países comunistas geralmente o chefe é gordo? Coreia do Norte? Venezuela? É gordinho, né? Maranhão”, disse Bolsonaro ao responder a uma apoiadora.

Que o atual chefe do Executivo federal é movido pela boçalidade todo brasileiro coerente já sabe, mas a fala preconceituosa em relação ao governador do Maranhão é inaceitável e merece reprovação e críticas de todos os naipes.

Dino usou as redes sociais para rebater o desvario discursivo de Bolsonaro, que classificou como “piada”, afirmando que o presidente deveria trabalhar em vez de atacar adversários políticos. “Compatível com a notória escassez de neurônios do indivíduo”, escreveu o governador maranhense. “Ao bisonho e fracassado ‘piadista’, faço uma conclamação: VAI TRABALHAR. Os problemas federais são cada dia mais graves: inflação, desemprego, aumento dos combustíveis etc.”, completou.

O tipo de ataque perpetrado por Bolsonaro revela seu desespero diante de um projeto de reeleição que esfarela com o passar dos dias. Por isso as investidas contra políticos da esquerda, que pode voltar ao Palácio do Planalto com o ex-presidente Lula, como mostram as pesquisas.

Se Flávio Dino está acima do peso, esse é um assunto que compete somente ao governador do Maranhão, não cabendo a quem quer que seja o direito a deboches que, na verdade, configuram bullying.

Nos bastidores da política maranhense correu a informação, no final de 2021, que Dino se ausentaria do cargo para uma cirurgia bariátrica, mas essa possibilidade foi desmentida prontamente.

 
A grande questão que marca essa polêmica é que Flávio Dino tem algumas opções para perder peso, ao passo que Bolsonaro não tem como se desvencilhar da ignorância que o acompanha desde sempre.

Ministros do Supremo

Nesta quarta-feira (12), em entrevista a um site bolsonarista, o presidente da República disparou contra os ministros Luís Roberto Barroso e Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), acusados de ameaçar as liberdades democráticas.

“Quem esses dois pensam que são? Que vão tomar medidas drásticas dessa forma, ameaçando, cassando liberdades democráticas nossas, a liberdade de expressão porque eles não querem assim, porque eles têm um candidato. Os dois, sabemos, são defensores do Lula, querem o Lula presidente”, declarou Bolsonaro.

Em recente artigo, Barroso defende a regulação das redes sociais, alegando o “aparecimento de verdadeiras milícias digitais, terroristas verbais que disseminam o ódio, mentiras, teorias conspiratórias e ataques às pessoas e à democracia”. O texto do ministro do STF foi tema de pergunta de um dos entrevistadores.

“De terrorismo ele [Barroso] entende. Ele defendeu o terrorista Cesare Battisti, italiano que matou quatro pessoas de bem”, declarou Bolsonaro. Para o presidente da República, Barroso foi indicado ao STF por ter atuado na defesa do terrorista italiano.

“Acusar de terrorismo? Quando se fala em matar gente, terrorismo, eu aponto os quatro cadáveres do Battisti. Qual crime eu cometi, senhor Luís Roberto Barroso? Que crime eu cometi? Quais foram as fake news que eu pratiquei? Falam que tem um gabinete do ódio, me apresente uma matéria que seria do gabinete do ódio”, indagou Bolsonaro.

Em seguida, a artilharia de Bolsonaro foi direcionada para o ministro Alexandre de Moraes, lembrando o julgamento no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que acabou por rejeitar a cassação da chapa presidencial Bolsonaro-Mourão por participação em esquema de disparo em massa de notícias falsas nas eleições de 2018.

Por ocasião do julgamento, Moraes, que integra o TSE e neste ano presidirá a Corte eleitoral, disse que aqueles que insistirem na prática de disparos em massa “irão para a cadeia por atentar contra as eleições e a democracia”.

“Eu fui julgado no TSE, a chapa Bolsonaro-Mourão, no final do ano passado; e lá foi a vez do senhor Alexandre de Moras falar claramente: ‘houve sim fake news, houve disparo em massa, sabemos; no ano que vem – que é neste ano – se tiver vamos cassar o registro e prender o candidato’”, afirmou o presidente da República.

“Olha, isso é jogar fora das quatro linhas [da Constituição], eu só tenho isso a dizer a vocês. Eu sempre joguei dentro das quatro linhas. Não se pode falar em terrorismo digital. Que terrorismo é esse? É o que ele acha que é? Quem são os checadores de fake news no Brasil? Contratados a troco de quê?”, questionou Bolsonaro.

Jair Bolsonaro é um golpista convicto e adorador de torturadores, por isso suas declarações são sempre eivadas de ameaças à democracia e ao Estado de Direito. Não bastasse a queda continuada nas pesquisas de opinião, o presidente tem sido admoestado publicamente por integrantes do próprio governo. Como temos afirmado, o presidente tende a radicalizar cada vez mais seu comportamento como forma de levar ao delírio seu “talibã” particular.

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