Afastamento de profissionais de saúde pela Covid-19 leva médicos a ameaçarem greve na cidade de SP

 
Unidades de saúde superlotadas, falta de medicamentos e insumos para testes, trabalho extenuante, profissionais de saúde doentes. Eis o cenário que predomina nos postos de saúde da cidade de São Paulo, onde a cada dia aumenta o número de pacientes em busca de testes para Covid-19 e influenza.

A situação se agravou nas últimas semanas com o avanço da variante ômicron do novo coronavírus e o surgimento de uma epidemia de gripe (H3N2), provocando o afastamento de cerca de 1.600 funcionários da saúde municipal, aumento de 111% em relação ao início de dezembro. A rede de saúde pública do Estado de São Paulo enfrenta cenário idêntico.

Por conta do caos que se instalou em unidades da rede pública, médicos da Atenção Primária à Saúde (APS), que atendem nas unidades básicas de São Paulo, farão nesta quinta-feira (13), às 19h30, uma assembleia para decidir se entram em greve.

Os afastamentos de profissionais da saúde por Covid-19 ou síndrome gripal congestionaram o atendimento no sistema de saúde pública do País, mas o presidente Jair Bolsonaro, do alto de seus desvarios, disse que a variante ômicron é “bem-vinda”. Na rede privada de hospitais, 10% da força de trabalho também foi afetada por esse quadro, segundo a associação do setor, a Anahp (Associação dos Hospitais Privados de Saúde).

As dificuldades crescentes nos atendimentos aos pacientes infectados pelo novo coronavírus levaram o Ministério da Saúde a reduzir de 10 para 5 dias o período de isolamento dos assintomáticos. Trata-se de uma decisão perigosa que tem contornos de “bomba-relógio”.

 
Os médicos da rede de saúde pública da cidade de São Paulo cobram a contratação de mais profissionais para atendimento e pagamento das horas extras, já que muitos têm trabalhado nos finais de semana sem o pagamento adicional previsto em lei.

“O único recurso adicional é a sobrecarga. Os funcionários estão sendo convocados para trabalhar aos sábados sem saber como serão remunerados. Algumas OSS [organizações sociais de saúde] não estão pagando como horas extras, oferecem como banco de horas, mas, na prática, ninguém consegue tirar essas horas”, disse à “Folha de S.Paulo” a médica Ana Paula Amorim, diretora da Associação Paulista de Medicina de Família e Comunidade e que também atua na rede municipal.

A médica Vanessa Araújo, representante do Sindicato dos Médicos de São Paulo (Simesp), os trabalhadores da saúde municipal estão complemente exaustos e desrespeitados pelo poder público. “A situação no município de São Paulo caminha para um colapso”, relatou.

Araújo destacou que, desde o início da pandemia, muitos profissionais de saúde da atenção primária têm deixado a rede municipal por falta de estímulo de sobrecarga de trabalho. Esses profissionais acabam absorvidos pela rede privada, que passou a investir mais na atenção primária.

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