Sem espaço no Orçamento para reajustes salariais, máquina pública federal pode entrar em “ponto morto”

 
Quando o UCHO.INFO afirma que Jair Bolsonaro é desprovido de competência e estofo para cargo tão relevante como o de presidente da República – fazemos tal afirmação desde a campanha eleitoral de 2018 – não se trata de divergência ideológica, mas de constatação dos fatos. Bolsonaro, que durante 28 anos permaneceu no “baixo clero” da Câmara dos Deputados, sempre mostrou inabilidade para lidar com questões políticas mais difíceis.

Ciente de que seu projeto de reeleição desmorona com o passar dos dias, o presidente decidiu, em 2021, anunciar aumento salarial para policiais federais, policiais rodoviários federais e agentes penitenciários, categoria que responde por um dos pilares de sua base de apoio.

Com a aprovação popular despencando dia após dia, Bolsonaro não considerou o risco político de tal medida. Inevitável para quem conhece os meandros da política brasileira, uma reação do funcionalismo federal era esperada pelos palacianos, mas não do tamanho como se apresenta agora.

Servidores de 50 categorias de servidores federais saíram às ruas de Brasília nesta terça-feira (18) para cobrar aumento salarial que, em alguns casos, pode chegar a 28%. É importante salientar que nos últimos cinco anos os servidores sequer conseguiram a recomposição da inflação do período.

O presidente da República tem até a próxima sexta-feira (21) para sancionar a Lei Orçamentária Anual de 2022, mas até lá terá de lidar com a insatisfação dos servidores, que prometem paralisar diversos setores da máquina pública. Se isso de fato ocorrer, o brasileiro terá uma reprise do que ocorreu anteriormente, quando até a liberação de benefícios do INSS foram comprometidos.

 
Assessores presidenciais sabem que não há espaço no Orçamento para atender ao pleito dos servidores, mas convencer Bolsonaro do óbvio é tarefa impossível. Esse cenário há de impactar a disputa pelo Palácio do Planalto, que por enquanto está polarizada. Contudo, não surgiu até o momento alguém com capacidade para cristalizar uma candidatura da chamada “terceira via”.

Vice-presidente da República, o general da reserva Hamilton Mourão se manifestou nesta terça-feira sobre a reivindicação dos servidores federais. Questionado por jornalistas quando chegava ao gabinete, Mourão respondeu: “Você sabe muito bem que não tem espaço no Orçamento para isso, né?”.

Todo brasileiro de bom-senso sabe que o Orçamento não comporta o pleito dos servidores, mas é preciso analisar as consequências do desvario populista de Bolsonaro, que recorre a absurdos para tentar se manter na disputa eleitoral. Aliás, como disse Mourão, nem mesmo o prometido aumento salarial dos policiais federais está garantido. “Não sei nem se o presidente vai conceder isso aí. Não sei, vamos aguardar o presidente bater o martelo nisso aí. O espaço orçamentário é muito pequeno, né?”, disse.

Considerando que o governo terá, segundo previsão orçamentária, R$ 44 bilhões para investir ao longo de 2022 em um país repleto de problemas e carências, prometer reajuste de salário a algumas categorias que interessam ao presidente da República é uma ode à irresponsabilidade. Na melhor das hipóteses o governo deveria repor, de forma isonômica, as perdas inflacionárias.

No contraponto, beira a covardia o silêncio torpe daqueles que nos criticaram de forma feroz enquanto alertávamos para a devastadora incompetência de Jair Bolsonaro. O Brasil precisará de pelo menos duas décadas para se recuperar dos estragos patrocinados pelo falso Messias.


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