(*) Gisele Leite
A morte do guru bolsonarista, segundo nota divulgada pela família, ocorreu na noite de 24 de janeiro, ocorrida no hospital em Richmond, nos Estados Unidos. Segundo a conta do Twitter do atual Presidente da República, foi enaltecido como sendo um gigante na luta pela liberdade e um farol para milhões de brasileiros. O indigitado guru era portador da doença de Lyme, infecção transmitida por carrapato que causa irritações na pele bem como sintomas semelhantes aos da gripe, era também cardiopata.
De acordo com uma das filhas do guru, o escritor positivamente morreu vítima da Covid-19. A mesma filha, em rede social, ainda escreveu para “que Deus perdoasse todas as maldades que cometeu”.
Infelizmente, vivemos num mundo de aparências, mas um dia, quando chegar a bendita evolução, passaremos para uma dimensão onde todos serão livres para seguirem os caminhos apontados pela razão e coração, e num mundo onde não mais encontraremos os chamados “mestres ou gurus”.
Os autênticos professores e curadores do conhecimento preferem o anonimato, nem gostam de chamar a atenção para si, porque possuem plena consciência de que a construção do conhecimento é diária e coletiva. A aprendizagem se concretiza através da imperfeição e persistência em alcançar objetivos.
O referido guru foi ensaísta, polemista, influenciador digital, astrólogo e ideólogo e considerado ativo representante do conservadorismo no Brasil, a extrema-direita brasileira. A segunda figura depois de Plínio Salgado (da direita anauê).
Sendo, igualmente, responsável pelo surgimento da “Nova Direita” brasileira. Apesar de ser considerado como guru pelo atual Presidente da República, Carvalho mesmo rejeitava.
Seu discurso era caracterizado pela recusa ao chamado “politicamente correto” e pela presença de ataques ad hominem e uso de termos chulos e em suas obras indicava teorias conspiratórias e informações incorretas, além de fomentar os discursos de ódio e anti-intelectualista.
Em tempo, convém, frisar que seus escritos no campo da filosofia são reiteradamente rejeitados por muitos especialistas. Ainda em 2021, a 5.ª Câmara de Direito Privado do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo determinou que a revista IstoÉ excluísse de seu site uma reportagem que mostra Olavo de Carvalho como um bobo da corte.
A reportagem foi capa da edição de maio de 2019; nela, Carvalho aparecia com um chapéu de bobo da corte com a expressão “o imbecil”. Para o Tribunal, a matéria “acabou por, sem dúvida, encerrar ofensas à dignidade e à moral do demandante”, determinando ainda que a IstoÉ pagasse uma indenização de 40 (quarenta) mil reais a Carvalho.
Segundo a escritora Daniela Abade, o guru teria fugido do país, em avião da FAB em novembro de 2021, por avião que seria utilizado pelo Ministro das Comunicações, Fábio Faria. Tais fatos, porém, foram contestados pelo ministro que acusou a escritora de fabricar fake news.
Comenta-se que o motivo de sua repentina partida do país, deve-se ao fato de ter sido intimado pela Polícia Federal, consagrando assim uma saída à inglesa do Brasil. A polícia federal brasileira intimou o indigitado guru para depor no inquérito que apura a existência de uma milícia digital que atua para desacreditar a democracia e as instituições brasileiras e, ainda, propalar o retrocesso político e institucional.
Mesmo após sua saída, prestou depoimento por videoconferência a PF quando negou as acusações. A saída do Brasil não passou pela imigração e saiu do Paraguai para os EUA. Apesar da operação para deixar o Brasil, Olavo não é alvo de mandado de prisão, nem de medidas restritivas, como o recolhimento do passaporte e, poderia ter viajado em um voo comercial.
Enfim, até os pretensos gurus também morrem e, de Covid-19, a famosa “gripezinha” segundo o Presidente da República atual. Reitero meus sentimentos à família e aos demais simpatizantes.
(*) Gisele Leite – Mestre e Doutora em Direito, é professora universitária.
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