Damares Alves, que falou com Jesus na goiabeira, responsabiliza o TikTok pelos casos de gravidez precoce

 
Qualquer cidadão ao redor do planeta que imaginar que a humanidade chegou ao ápice da estupidez certamente não conhece Damares Alves, titular do Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos. Escolhida pelo presidente Jair Bolsonaro para ocupar o cargo apenas por ser uma catapulta de sandices, Damares se supera a cada dia.

Em 2019, a ministra ousou afirmar que na Ilha de Marajó, no Pará, as meninas são abusadas sexualmente porque não usam calcinha. “Especialistas chegaram a falar para nós que as meninas lá são exploradas porque elas não têm calcinhas, elas não usam calcinha porque são pobres”, disse a ministra, ao comentar o elevado índice de estupro na região.

Que Damares Alves é uma ode ao desvario todo brasileiro sensato já sabe, mas, ao que parece, para a ministra não há limites para tanta ignorância. Damares, que confunde o cargo de ministra com o de preletora desvairada do templo religioso mais próximo, agora volta à cena afirmando que a gravidez precoce é resultado do aplicativo TikTok.

O comentário de Damares sobre a influência do aplicativo ocorreu na terça-feira (1), durante a abertura da Semana Nacional de Prevenção à Gravidez na Adolescência, evento organizado pelo ministério para reduzir os níveis de gestação precoce e os índices de infecções sexualmente transmissíveis.

“Não vem papai e mamãe jogar no colo do Ministério da Saúde: ‘Resolva, minha filha engravidou’, depois que deixou sua filha com 8 anos ir pro TikTok vender seu corpo. Uma coisa está muito atrelada com a outra”, disse Damares.

 
A ministra também utilizou o discurso para defender a proibição do aborto, uma de suas bandeiras. Na opinião de Damares Alves, que viu Jesus na goiabeira, “se acontecer uma gravidez, vida é vida”.

Não é a primeira vez que Damares critica uma plataforma por causa de conteúdos de sexualização infantil. Em 2020, a ministra reforçou o discurso de políticos de outros países contra o filme francês “Lindinhas” (“Cuties”, em inglês), lançado pela Netflix e cujo conteúdo, segundo a ministra, é “abominável”.

Ao contrário da fala obtusa e desconexa de Damares Alves, o filme em questão, que foi premiado, tinha como objetivo criticar a sexualização de meninas pré-adolescentes.

De acordo com a política de uso do TikTok, o aplicativo não é indicado para crianças com menos de 12 anos. Contas suspeitas de pertencerem a menores de 13 anos podem ser removidas após análise. No caso de jovens entre 13 e 18 anos que utilizam a plataforma, o TikTok impõe várias restrições, com base na faixa etária, como, por exemplo, a proibição do uso de mensagens diretas ou fazer transmissões ao vivo, além da redução de alcance do conteúdo.

Na verdade, Damares Alves, que não perde uma só oportunidade para destilar seu tirocínio, deveria recomendar aos pais das adolescentes que se preocupassem não apenas com a educação dos filhos, mas também aos exemplos que dão a eles. Afinal, o ser humano é fruto do meio.

Para finalizar, o desgoverno de Jair Bolsonaro não mais surpreende os brasileiros com suas bizarrices, como as de Damares e Milton Ribeiro, ministro da Educação, que entrevista afirmou ser o “homossexualismo” (sic) – o termo correto é homossexualidade – fruto de famílias desajustadas. Por essa declaração covarde e preconceituosa, Ribeiro foi denunciado ao STF por crime de homofobia.

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