O presidente Jair Bolsonaro, em campanha desde que venceu a eleição de 2018, dedicou-se nos últimos três anos a protagonizar patacoadas com o objetivo de agradar à bolha que reúne seus insanos apoiadores.
Ciente de que está perdendo eleitores nos flancos religioso, Bolsonaro determinou a órgãos do governo que acompanhem a apuração do ato realizado em uma igreja de Curitiba contra o bárbaro e brutal assassinato do jovem congolês Moïse Kabagambe, morto em quiosque na Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio de Janeiro. Moïse, que vivia no Brasil como refugiado, morreu porque decidiu cobrar o valor de dois dias de trabalho.
Em sua conta no Twitter, Bolsonaro compartilhou vídeo da entrada do grupo na igreja e chamou os manifestantes de “marginais”. Ele afirmou ter pedido ao Ministério da Justiça e ao da Mulher, Família e Direitos Humanos para acompanhar o caso “de modo a garantir que os responsáveis pela invasão respondam por seus atos e que práticas como essa não ganhem proporções maiores em nosso País”.
Em nenhum momento, desde 24 de janeiro, dia em que ocorreu o crime, o presidente da República fez qualquer comentário sobre a morte do congolês nem se solidarizou com a família. Em suma, Bolsonaro mostrando o que sempre foi.
Na opinião do presidente, que precisa politizar qualquer ato para tentar salvar um projeto de reeleição que desmorona com o passar do tempo, a invasão da igreja foi um ato da esquerda. “Acreditando que tomarão o poder novamente, a esquerda volta a mostrar sua verdadeira face de ódio e desprezo às tradições do nosso povo”, postou Bolsonaro na rede social. “Se esses marginais não respeitam a casa de Deus, um local sagrado, e ofendem a fé de milhões de cristãos, a quem irão respeitar?”.
Bolsonaro também mencionou o artigo 208 do Código Penal para destacar que a os invasores da igreja poderão ser punidos. “Escarnecer de alguém publicamente, por motivo de crença ou função religiosa; impedir ou perturbar cerimônia ou prática de culto religioso; vilipendiar publicamente ato ou objeto de culto religioso”, afirmou o chefe do Executivo.
A tentativa de relacionar o protesto a um ato da esquerda mostra o desespero que toma conta de Bolsonaro e seus quejandos, que não sabem o que fazer para reverter uma eventual derrota nas urnas. Não custa lembrar que Bolsonaro precisa de foro privilegiado para adiar eventuais punições no âmbito dos crimes que cometeu como presidente da República. Isso significa que ele pode desistir da reeleição e tentar um mandato de senador, o que, em caso de vitória, lhe garantiria o foro especial por prerrogativa de função.
Com essas incursões descabidas e atitudes apelativas dos mais variados naipes, o presidente acredita estar recuperando parte do eleitorado, mas na verdade está a fazer um enorme favor a Luiz Inácio Lula da Silva, eu principal adversário na corrida ao Palácio do Planalto.
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