Ao desistir de cargo no TSE, Azevedo e Silva revela incômodo dos militares com o autoritarismo de Bolsonaro

 
Enquanto o presidente Jair Bolsonaro tenta jogar os militares contra o Tribunal Superior Eleitoral e colar em xeque a confiabilidade das urnas eletrônicas, nos bastidores das Forças Armadas a situação é de desconforto. Esse cenário, que é indisfarçável, mostra o grau de preocupação de Bolsonaro com o desmoronamento do seu projeto de reeleição.

General da reserva do Exército e ex-ministro da Defesa, Fernando Azevedo e Silva desistiu, a poucos dias da posse, de assumir o cargo de diretor-geral do TSE. O general alegou problemas familiares e de saúde para justificar sua decisão, mas na verdade o que incomodou foi o uso político das Forças Armadas pelo presidente da República.

Em Brasília corre a informação de que Azevedo e Silva teria detectado um problema cardíaco que exige tratamento imediato. Por outro lado, amigos e familiares, contrários à sua ida para o TSE, fizerem pressão para que o general mudasse de ideia e declinasse do convite em função do estresse decorrente do processo eleitoral.

Com excelente trânsito nos três Poderes, Azevedo e Silva estava animado com a nova função, principalmente porque, de acordo com o militar, o profissionalismo da equipe técnica do TSE é elevado.

Azevedo e Silva e outros militares que ocupariam cargos no TSE passaram uma semana na sede da Corte eleitoral, em janeiro, avaliando a estrutura do tribunal. Ao jornal “O Estado de S. Paulo”, o general elogiou o processo de votação. “As urnas eletrônicas funcionam há 26 anos, nunca tiveram problema e foram aprovadas pelo Congresso. O Congresso aprova, a Justiça eleitoral cumpre”, afirmou.

“Fiquei muito honrado com o convite e a confiança dos ministros (Luiz Edson) Fachin, (Luís Roberto) Barroso e Alexandre (de Moraes). O TSE tem excelentes quadros, 90% dos funcionários passaram por concurso, muitos têm mestrado e doutorado, conhecem profundamente administração pública”, completou.

 
Após o diagnóstico, no entanto, há cerca de três semanas, Azevedo e Silva passou a consultar amigos e familiares e acabou convencido pelos que o melhor seria declinar do convite. Azevedo comunicou a decisão nesta terça-feira (15), em reunião de cerca de três horas com os ministros da TSE. Com isso, o atual diretor-geral, Rui Moreira de Oliveira, continua no cargo.

A militarização do governo de Jair Bolsonaro sempre foi alvo de duras críticas do UCHO.INFO, que alertou para o perigo que representava “arrastar” para o núcleo duro do Palácio do Planalto generais da reserva, sendo que alguns alimentam a tese do golpismo.

Bolsonaro aposta no embate com o TSE para reverter um quadro eleitoral que desfavorável, por isso lança sistematicamente informações mentirosas sobre o processo de votação. A mais recente investida do presidente contra o TSE e as urnas eletrônicas aconteceu na mais recente transmissão pela internet, na última quinta-feira (9), quando o chefe do Executivo afirmou que as Forças Armadas haviam identificados “dezenas de vulnerabilidades” nas urnas eletrônicas.

Na verdade, as Forças Armadas sequer foram incumbidas de qualquer questionamento acerca do processo eleitoral, mas a missão foi dada ao ministro da Defesa, Walter Braga Netto, que além de acenar com ameaças golpistas age com subserviência na esperança de ser candidato a vice na chapa de Bolsonaro.

Como sempre afirmamos, dar um “cavalo de pau” na democracia brasileira continua no roteiro golpista de Jair Bolsonaro, por isso é preciso que os cidadãos de bem fiquem atentos e impeçam que o Brasil mergulhe no retrocesso e no obscurantismo.

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