Rússia e Ucrânia decidem abrir corredores humanitários para a saída de civis em regiões sob ataque

 
Após reunião de mais de três horas, negociadores ucranianos e russos concordaram com a criação de corredores humanitários para a saída de civis e a entrada de medicamentos e ajuda humanitária na Ucrânia. Em entrevista coletiva, o negociador ucraniano disse que haverá uma terceira rodada de negociações e afirmou ser possível um cessar-fogo durante o período da evacuação.

Os negociadores russos confirmaram que estão de acordo com a saída da população civil. “Concordamos que vamos manter corredores humanitários, vamos manter possibilidade de cessar-fogo nesses corredores humanitários e pedimos à população para que usem os corredores e esperamos que tudo acabe logo”, afirmou um dos negociadores russos.

Um pouco antes, ainda durante a reunião, o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, ressaltou que os russos não podem falar com os ucranianos como se fossem alguém de outra categoria.

“Precisamos conversar como iguais. Precisamos sentar e conversar. Acho que ele [Vladimir Putin, presidente russo] está em um mundo diferente. A pessoa ganha uma chance de se tornar grandiosa para seu país, mas não está aproveitando”, disse Zelensky.

O líder ucraniano disse que quer salvaguardar o país e seu povo e disse acreditar que, em conversa franca com Putin, poderiam chegar a um acordo, à paz.

Zelensky espera que a Ucrânia não desapareça. “Se a Ucrânia desaparecer, outros países podem desaparecer também, até chegar às portas de Berlim”. E rechaçou a narrativa russa de que os próprios ucranianos estão matando sua população. “Não somos nós que matamos o povo ucraniano. Não somos nós que matamos nossos civis, não somos nós que matamos nossas crianças”.

O presidente russo afirmou, por outro lado, que a Ucrânia e a Rússia são o mesmo povo. Contudo, disse que a “operação especial”, como ele chama a invasão do território ucraniano, visa defender a pátria russa, seus oficiais e soldados, que estão agindo como verdadeiros heróis.

 
“Eles combatem com toda a coragem e sabendo a verdade. Até depois de feridos, permanecem no front, morrem para salvar seus camaradas e a população civil. Sou feliz por fazer parte desse povo russo tão forte e multinacional. Também não nego minha convicção de que russos e ucranianos são o mesmo povo, mesmo quando os ucranianos estão amedrontando sua população com a propaganda nacionalista”, disse Putin.

O mandatário russo disse estar em guerra contra neonazistas que usam a população civil como escudo vivo. “São bandidos que, em vez de cumprir a sua promessa de tirar o maquinário militar das áreas residenciais, fazem o contrário, só põem mais tanques e mais máquinas de guerra”. Putin acusou ainda os ucranianos de estarem capturando e usando estrangeiros como reféns.

Inicialmente, Vladimir Putin justificou a invasão à Ucrânia como uma operação militar para libertar duas regiões separatistas (Donetsk e Luhansk). Fosse verdadeira tal afirmação, o ataque deveria ter se concentrado nas citadas regiões, mas o Kremlin decidiu tomar toda a Ucrânia à sombra de uma ação criminosa que só faz crescer a tragédia humanitária. Mais de 1 milhão de ucranianos já deixaram o país para fugir da guerra, mas outros 40 milhões estão sob ataques.

Putin é um tirano que está há mais de duas décadas no poder e acreditou que a investida contra a Ucrânia seria um passeio militar de poucos dias. A resistência dos ucranianos, inclusive nas regiões separatistas, surpreendeu o líder russo. Com o fornecimento de armas à Ucrânia por países do Ocidente, a guerra pode se prolongar por mais algumas semanas, fazendo com o desastre seja ainda maior. Isso porque o poderio militar da Rússia é enorme.

Diante das sanções econômicas impostas à Rússia por diversos países, inclusos os da União Europeia e da OTAN, Putin decidiu negociar, sem interromper os bombardeios, A grande questão é que Vladimir Putin só aceita um acordo com Kiev caso suas condições prevaleçam, que contraria o mais básico conceito de negociação.

O bloqueio econômico imposto a Moscou pelo Ocidente – congelamento de recursos e bens do governo e de oligarcas russos e a exclusão do país dos mecanismos financeiros internacionais – não é irrestrito. De fora das sanções estão os pagamentos relativos ao fornecimento de energia, gás e petróleo, o principalmente para o continente europeu.

No momento em que o bloqueio econômico for pleno – ou perto disso –, Putin será obrigado a recuar. Isso porque a economia russa há muito está dm crise, apesar das aparências.

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