Pré-candidato à Presidência da República, o petista Luiz Inácio Lula da Silva conseguiu que parte dos “companheiros” deixasse de lado o “já ganhou”, mas ainda há na legenda uma frente que resiste à indicação do ex-governador Geraldo Alckmin para a vaga de vice. Esse talvez seja o maior problema que Lula tem para resolver.
Deputado federal pelo PT e ex-presidente do partido, Rui Falcão insiste em criticar a possível chapa com Alckmin. Para Falcão, o ex-governador de São Paulo, que continua sem partido, pode não ser o nome mais adequado para a composição da chapa.
“Essa escolha deve ser feita pelo partido. Lula acha que precisa ampliar os apoios e tem procurado alianças que no passado não estiveram conosco. Continuo acreditando que, com todo peso da opinião de Lula, a decisão será do encontro partidário. Aliás, o ex-governador Alckmin nem tem partido ainda”, disse Rui Falcão em entrevista ao portal UOL.
O parlamentar petista destacou na entrevista que a escolha do candidato a vice na chapa de Lula não é prioridade dentro do partido. Essa visão é equivocada, pois a composição de uma candidatura depende de uma federação partidária, que terá quatro anos de duração, ou seja, envolve as eleições municipais de 2024.
“Temos um processo de escolha de nossos candidatos altamente democrático. Esse debate arrefeceu muito porque a situação do país se agravou terrivelmente. Tenho ido à periferia de São Paulo, e lá se discute hoje é o preço dos combustíveis, dos alimentos, a guerra, que produz grandes consequências no Brasil… Prefiro deixar a escolha do vice para o momento que o partido for decidir”, afirmou
Questionado sobre o perfil ideal do candidato a vice de Lula, o deputado reforçou o descontentamento com a possível escolha de Alckmin. “Teria que ser um vice ou uma vice, que tenha compromissos com o programa; que tenha relação com movimentos sociais; uma concepção não neoliberal; e que não defenda privatização. Um perfil diferente do que é a trajetória de Alckmin”, destacou.
A ala radical do PT, que cria resistência em relação a Geraldo Alckmin, acabará por facilitar a reeleição de Jair Bolsonaro, caso não haja flexibilização para um leque de alianças que permita impor derrota ao atual presidente da República.
Imaginar que Lula vencerá a corrida presidencial em meio a essa queda de braços é prova de irresponsabilidade política, pois é preciso considerar os índices de rejeição do ex-presidente da República. Isso porque as decisões da Justiça que anularam as condenações de Lula no âmbito da Operação Lava-Jato não são prova de inocência. Aliás, há uma diferença enorme entre sentença condenatória anulada e inocência. Como se sabe – e Rui Falcão reconhece – houve corrupção nos governos do PT.
Em outro ponto do universo petista há um embate entre Jilmar Tatto, secretário-geral do PT, e Franklin Martins, responsável pela comunicação da campanha de Lula. Enquanto Tatto quer priorizar comunicação institucional do partido durante o período eleitoral, Martins está determinado a investir na imagem de Lula, que por enquanto tenta aglutinar o maior número possível de partidos de esquerda e centro-esquerda.
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