Após denúncia de pedido de propina pelo “gabinete de pastores”, Bolsonaro mantém ministro no cargo

 
Na terça-feira (22), em mais um ato de campanha antecipada, o que é proibido pela legislação eleitoral, o presidente Jair Bolsonaro participou da cerimônia de lançamento do Programa DNA do Brasil, voltado para identificação de talentos nos campos profissional e esportivo.

Durante o evento, na cidade de Porto Nacional (TO), Bolsonaro voltou a fazer menções a Deus e afirmou que em seu governo não há escândalos de corrupção.

“Quero dizer da satisfação e do orgulho, da missão dada por Deus, de estar à frente do Executivo federal, buscando atender a todos os brasileiros, zelando pelo dinheiro público. Estamos há três anos e três meses sem corrupção no governo federal”, disse o presidente da República.

Bolsonaro abusa da dissimulação ao negar a ocorrência de casos de corrupção em seu governo. Escândalos como o da compra de vacina contra Covid-19, a liberação de madeira extraída ilegalmente da Amazônia e a liberação de atividade minerária em terras indígenas estão emoldurados pela corrupção, algo que o governo se esforça para camuflar.

A fala de Bolsonaro sobre a existência de casos de corrupção em sua gestão aconteceu no mesmo dia em que o Ministério Público Federal (MPF) pediu a condenação do presidente por improbidade administrativa em razão de funcionária fantasma do seu gabinete na Câmara dos Deputados durante quinze anos.

Em que pese o fato de o episódio envolvendo a vendedora de açaí Walderice Santos da Conceição não ter ligação com o governo, o escândalo revela a vocação de Bolsonaro para o ilícito. O caso de “Wal do Açaí”, como é conhecida a ex-assessora parlamentar (sic) do presidente foi o abre-alas para outros escândalos, como os das “rachadinhas” nos gabinetes do clã presidencial.

 
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Contudo, a declaração do chefe do Executivo soou mentirosa, pois enquanto discursava em Porto Nacional, o escândalo que vem chacoalhando o Ministério da Educação ganhava novos capítulos.

Em áudio divulgado pelo jornal “Folha de S.Paulo”, o ministro Milton Ribeiro, responsável pela pasta, afirma que a pedido do presidente atendeu a demandas apresentadas pelo pastor Gilmar Silva dos Santos, que em suas peripécias como lobista era acompanhado pelo também pastor Arilton Moura.

Na noite de terça-feira, o jornal “O Estado de S. Paulo” noticiou em seu site que Gilmar pediu ao prefeito da cidade de Luís Domingues (MA), Gilberto Braga (PSDB), R$ 15 mil para protocolar no ministério pedido solicitação de recursos do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), além um quilo de outro no ato da liberação da verba.

Horas antes, em nova divulgada pela assessoria do Ministério da Educação, Milton Ribeiro afirmou ter se reunido com ambos os pastores, mas negou que tenha atendido a um pedido do presidente da República. A declaração vai na contramão do conteúdo do áudio em que Ribeiro afirma a religiosos e prefeitos que os pleitos apresentados pelo pastor Gilmar Silva dos Santos decorrem de pedido feito por Bolsonaro.

Milton Ribeiro balança no cargo, principalmente porque o Centrão está de olho no comando do Ministério da Educação, mas a ordem no Palácio do Planalto é, por enquanto, declarar que o ministro conta com o apoio do presidente da República. Até porque, se Bolsonaro demitir Ribeiro ficará confirmado o que todo brasileiro de bom-senso já sabe: o governo é um ajuntamento de oportunistas disfarçados de “terrivelmente evangélicos”.

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