Após Brossard, Covas, Afonso Arinos, Pedro Simon e Teotônio, Senado poderá receber Datena e Luxemburgo

(Divulgação)

 
Dizem os especialistas em política que a Câmara dos Deputados é a “Casa do povo”. Quem acompanha a política nacional sabe que a Câmara é um covil onde imperam o proxenetismo parlamentar, os interesses espúrios, os escândalos de corrupção, os acordos inimagináveis, o aluguel de apoio ao governo e a venda da consciência. Um misto de balcão de negócios com casa de alterne. É verdade que alguns poucos parlamentares são sérios, mas daí a afirmar que a Câmara é a “Casa do povo” é demais.

Se a Câmara dos Deputados é reflexo da sociedade brasileira atual, a tal “Casa do povo” faz jus à própria realidade, pois em meio à população reinam o jeitinho de sempre, o oportunismo, a piada pronta, o faz de conta… E por aí vai.

Já o Senado da República, chamado de Câmara Alta, é, também segundo os especialistas na matéria, a Casa legislativa de representação dos Estados. Por essa razão o Senado, até duas décadas atrás, abrigou políticos experientes e conhecedores das necessidades e dos direitos das respectivas unidades federativas. Homens cultos, preparados e com conteúdo. Passaram pelo Senado nomes como Ruy Barbosa, Afonso Arinos de Melo Franco, Paulo Brossard, Pedro Simon, Teotônio Vilella, Mário Covas e Josaphat Marinho, entre outros.

Sem a atuação política de todos os citados acima e de outros que por acaso não tenhamos mencionado, lembramo-nos da presença marcante e ao mesmo tempo discreta do senador Paulo Brossard, um dos maiores expoentes da era moderna da política nacional. Quando Brossard estava inscrito para discursar no plenário, o Senado vivia um clima de expectativa.

Iniciada a sessão plenária, parlamentares e assessores aguardavam ansiosamente a vez do Doutor Paulo Brossard, pois todos sabiam que o Senado seria “invadido” por uma aula magna. Quando o gaúcho de Bagé subia à tribuna, o plenário era tomado por um silêncio sepulcral. Assessores deixavam os gabinetes para acompanhar o discurso de Paulo Brossard de Souza Pinto, que após o mandato de senador (1975-1983) comandou o Ministério da Justiça (1986-1989) e foi ministro do Supremo Tribunal Federal (1989-1994).

 
Nos dias atuais, o Senado lida com o despreparo e o oportunismo que domina a atividade parlamentar, reflexo do baixo índice de politização da nossa sociedade. É fato que há raras exceções nesse cenário, mas a maioria é lamentável.

Faltando seis meses para as eleições, o País acompanha o desfile de candidatos aos mais distintos cargos, mesmo a legislação eleitoral proibindo que por enquanto se apresentem como tal, mas o Brasil é o paraíso do malfadado “jeitinho”, assunto que os políticos dominam com invejável maestria.

Há muito ouve-se falar que o Brasil é o país do futuro, algo ainda não consumado, assim como ouve-se falar da importância da renovação na política, terreno onde os velhacos de sempre insistem em permanecer.

Começam a surgir candidatos aqui e acolá, para o desespero da nação. Ao Senado da República já se apresentam como candidatos o jornalista José Luiz Datena e o técnico de futebol Vanderlei Luxemburgo. O Brasil é uma república federativa e cada ente federado precisa ter no Senado um representante com competência e conhecimento para defender seus direitos e suas demandas.

Datena é jornalista de longa data, foi um excelente repórter esportivo e mostra competência há algum tempo ao comandar durante três horas um programa policialesco que não é o nosso foco. O apresentador do “Brasil Urgente” pode ter as melhores intenções, mas o Senado não deveria estar no seu radar. Talvez pudesse concorrer à Câmara dos Deputados, a tal “Casa do Povo”. O mesmo vale para Luxemburgo, que pode estar imaginando que o Senado é o vestiário do estádio mais próximo. Enfim, essa é a nossa realidade, infelizmente.

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