Morre em São Paulo, aos 98 anos, a escritora e acadêmica Lygia Fagundes Telles

 
Um dos mais destacados nomes da literatura brasileira, a escritora Lygia Fagundes Telles morreu neste domingo (3), aos 98 anos. Membro da Academia Brasileira de Letras (ABL) desde 1985, Lygia era uma das últimas escritoras de uma reconhecida geração que marcou a literatura brasileira.

A morte da escritora foi confirmada por sua agente literária, Lucia Riff, e pela Academia Paulista de Letras. De acordo com Juarez Neto, da ABL, a escritora morreu em casa, em São Paulo, e de causas naturais.

Lygia recebeu os principais prêmios da literatura: Camões em 2005, o principal troféu da literatura em língua portuguesa, e o Jabuti em 1965, 1974, 1980, 1995 e 2001.

No conjunto de sua obra merecem destaque “Antes do Baile Verde” (1970), “As Meninas” (1973), “Ciranda de Pedra” (1954), “O Jardim Selvagem” (1965), entre outros.

Em “As Meninas”, a escritora aborda as questões de três narradoras universitárias, com foco na ditadura militar brasileira. A obra foi escrita após Lygia receber um relato de tortura realizada pelo governo.

Filha de um delegado e promotor público, Lygia Fagundes Telles nasceu em São Paulo em 1923, mas passou a infância em cidades do interior paulista (Areias, Assis, Apiaí e Sertãozinho).

 
De volta à capital, estudou na Escola Caetano de Campos, onde foi incentivada a mergulhar na literatura. À época, seu primeiro livro, destruído tempos depois. De acordo com a escritora, sua pouca idade não justificava a má literatura da obra. “Hoje uma jovem de 15 anos fuma, bebe, lê Kafka, discute sexo —enfim, ousa tudo. Eu, com essa idade, era só ignorância. E medo”, disse Lygia sobre o primeiro livro.

Estudante da Faculdade de Direito do Largo de São Francisco, a autora publicou seu primeiro livro de contos, “Praia Viva”, em 1944, obra recusada por muitos editores, como ela relata em carta enviada a Erico Verissimo em 1941.

Na sequência, “O Cacto Vermelho”, de 1948, premiado pela Academia Brasileira de Letras. Em 1954, saiu seu primeiro romance, “Ciranda de Pedra”, obra que na opinião do crítico Antonio Candido permitiu a Lygia ingressar no campo da maturidade literária.

Nos anos 1970 sua produção literária tornou-se mais intensa com os premiados “Antes do Baile Verde” (1970), “As Meninas” (1973) e “Seminário dos Ratos” (1977).

Lygia foi procuradora do Instituto de Previdência do Estado de São Paulo até a aposentadoria. Em 1947, casou-se com o advogado e jurista Gofredo da Silva Telles Jr., seu professor de Direito. Separada, casou-se novamente nos anos 1960, com o escritor e cineasta Paulo Emílio Salles Gomes. Do primeiro casamento, nasceu seu filho Goffredo Telles Neto.

Além dos prêmios Jabuti e do Camões, Lygia Fagundes Telles foi uma das escritoras mais premiadas do País. Ganhou prêmio na França por “Depois do Baile Verde”, troféus da Associação Paulista dos Críticos de Arte (APCA), prêmios da Biblioteca Nacional e o troféu Juca Pato de intelectual do ano dado pela União Brasileira dos Escritores.

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