Conflito de interesses e escândalo em fundos de pensão travaram indicações para o comando da Petrobras

 
O Palácio do Planalto está às voltas para encontrar alguém para presidir a Petrobras. Na verdade, o governo necessita de dois nomes de peso: um para comandar a estatal, outro para presidir o Conselho de Administração da maior companhia brasileira.

Durante a campanha presidencial de 2018, o UCHO.INFO afirmou, sem medo de errar, que o então candidato Jair Bolsonaro era desprovido de competência e estofo para assumir cargo de tamanha responsabilidade e importância, como o de presidente da República.

A incompetência de Bolsonaro é tamanha, que acabou por infectar a estrutura do governo como um todo.

Avança sobejamente no terreno do amadorismo indicar alguém para presidir a Petrobras sem ao menos considerar o conflito de interesses. O economista Adriano Pires foi indicado por Bolsonaro para substituir o general da reserva Joaquim Silva e Luna, apenas porque o chefe do executivo teme que os preços dos combustíveis impactem em sua campanha pela reeleição.

Pires é fundador do Centro Brasileiro de Infraestrutura (Cbie), entidade privada de consultoria que mantem contratos com empresas do setor de petróleo e gás. Isso, por si só, é motivo suficiente para não indicar o nome de Pires para o comando da empresa.

Não obstante, Adriano Pires demonstrou não ter como se afastar do Cbie em tempo hábil para assumir a presidência da Petrobras, assim como teria dificuldades para se desvencilhar dos compromissos assumidos em nome da consultoria com empresas que atuam no mercado de petróleo e gás e demandam contra a estatal.

Sendo assim, prevaleceu a tese do conflito de interesses, algo que seria suscitado na reunião do Conselho da Petrobras, agendada para o próximo dia 13 de abril.

De igual modo, o governo mostrou avassaladora incompetência ao sugerir o nome de Rodolfo Landim para presidência do Conselho de administração da Petrobras.

 
Presidente do Clube de Regatas Flamengo, Landim rejeitou o convite feito por Bolsonaro alegando querer se dedicar exclusivamente ao clube carioca.

Na verdade, Landim, com o excesso de exposição provocado pela indicação palaciana, viu seu nome voltar às manchetes por causa de um escândalo rumoroso e que certamente será retomado pelo Judiciário.

Em novembro de 2021, o juiz Frederico Botelho de Barros Viana, da 10ª Vara Federal de Brasília, autorizou a formalização de cooperação jurídica internacional para investigar a conta bancária que o cartola rubro-negro tem na Suíça.

Na denúncia acatada por Barros Viana em 3 de novembro do ano passado, que tornou Landim e mais quatro réus pelo crime de gestão fraudulenta, o Ministério Público Federal destacou no documento que autoridades da Suíça comunicaram suspeitas de lavagem de dinheiro realizada por meio de uma conta de Landim no banco Credit Suisse, mantida entre 2008 e 2012.

“A comunicação enviada por autoridades da Suíça traz consigo indícios de cometimento dos delitos de lavagem de dinheiro e de evasão de divisas, os quais devem ser melhor apurados”, escreveu Barros Viana na decisão.

O magistrado também determinou o bloqueio de parte do valor necessário para o ressarcimento dos prejuízos supostamente causados por Landim.

O MPF afirma que o presidente do Flamengo e mais quatro atuaram em uma operação financeira que teria causado prejuízos de R$ 100 milhões a fundos de pensão de funcionários de estatais.

Autoridades suíças informaram ao MPF o bloqueio de US$ 15,1 milhões de uma conta bancária em nome da Termogás Internacional, do empresário Carlos Suarez, que coincidentemente tem relações com Adriano Pires e com o Cbie.

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