Copom eleva taxa básica de juro para 12,75% ao ano, maior índice desde 2017

 
O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central elevou nesta quarta-feira (4) a taxa básica de juro, a Selic, de 11,75% ao ano para 12,75% ao ano. Aguardada pelo mercado financeiro, a decisão foi unânime. Trata-se do décimo aumento consecutivo da taxa básica de juro e maior patamar em mais de cinco anos. Em 2017, a Selic estava em 13% ao ano.

A nova decisão do Copom, que deve se repetir pelo menos mais duas vezes, mostra o descontrole da economia brasileira. É importante ressaltar que em 2018, quando concorria à Presidência da República, Jair Bolsonaro afirmou ser o único candidato capaz de resolver todos os problemas do País. Na ocasião, o então candidato apresentou o economista Paulo Guedes ao eleitorado como “Posto Ipiranga”.

No comunicado, o Copom considerou a possibilidade de elevar novamente a taxa Selic na próxima reunião do colegiado, em meados de junho. Contudo, especialistas do mercado financeiro creem que outro aumento deverá ocorrer na reunião de setembro. A expectativa é que o próximo aumento seja de meio ponto percentual.

“O Copom considera […] apropriado que o ciclo de aperto monetário continue avançando significativamente em território ainda mais contracionista”, destaca o comunicado.

O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, disse em março que o aumento da Selic para 12,75% seria o último do ano, mas ele próprio reconheceu em abril que a inflação havia surpreendido expectativas da instituição. Isso significa que novos aumentos não devem ser descartados. Na mesma linha de pensamento, o comitê avaliou, no comunicado, que a inflação sentida pelos consumidores “seguiu surpreendendo negativamente”.

 
Nesse cenário, o Copom ressaltou que as projeções passam a nível de incerteza “maior do que o usual”. Para 2022, o Copom trabalha com previsão de inflação de 7,3%, para 2023, de 3,4%.

O comitê afirmou que a alta da inflação é impulsionada principalmente por dois fatores: 1) elevação de preços difundida em todo o planeta, consequência da pandemia de Covid-19 e da guerra na Ucrânia; 2) “incerteza” dos investidores em relação ao cumprimento, por parte do governo, das regras fiscais.

Com a nova taxa Selic, o crédito ao consumidor ficará mais caro, enquanto o endividamento das famílias deverá crescer nos próximos meses. Em abril, 77,7% das famílias brasileiras fecharam o mês com alguma dívida, contra 77,5% em março. Como informamos em matéria anterior, o vilão do endividamento é o cartão de crédito, instrumento financeiro que vem sendo usado pela população para enfrentar uma preocupante crise econômica.

Além disso, com a alta da Selic cresce o gasto do governo com o pagamento de títulos públicos, ao mesmo tempo em que decresce o investimento no setor produtivo. Isso significa que o desemprego, na melhor das hipóteses, continuará em alta.

Enquanto isso, Bolsonaro torra o suado dinheiro público com medidas estapafúrdias, em clara tentativa de garantir sua reeleição. A elevação do teto de gastos para acomodar o Auxílio Brasil no valor de R$ 400 é um exemplo dessa irresponsabilidade oficial. Não se trata de ignorar a necessidade das famílias vulneráveis, mas de encontrar uma fonte de financiamento de um benefício que foi majorado com fins eleitorais. Sem contar o fundo eleitoral, as emendas parlamentares e o malfadado “orçamento secreto”.