Paulo Guedes classifica a reeleição como “tragédia brasileira” e diz que o País já saiu do “inferno da inflação”

 
Desautorizado dia após dia pelo presidente da República, o ainda ministro Paulo Guedes se especializou ao longo dos últimos quarenta meses em “despautério discursivo”. Tão logo chegou ao posto, Guedes tratou de demonizar a política econômica de governos anteriores, como ele fosse de fato fizesse jus à alcunha de “Posto Ipiranga”.

Desde o início do desgoverno de Jair Bolsonaro, o ministro tem terceirizado a culpa pela crise econômica que vem devastando o País. Entre as desculpas usadas por Guedes estão as domésticas que querem viajar para a Disney e os filhos dos porteiros que sonham com a faculdade, entre outras barbaridades vociferadas pelo falso liberal.

A mais nova sandice de Paulo Guedes ganhou a cena nesta quinta-feira (19), durante o seminário “Perspectivas econômicas do Brasil”, promovido pela Arko Advice e o Traders Club. Sempre pronto para fazer um agrado nos ouvidos dos profissionais do mercado financeiro, Guedes afirmou que o País já saiu do “inferno’, em referência à inflação.

“Está faltando manteiga na Holanda, tem gente brigando na fila da gasolina no interior da Inglaterra, que teve a maior inflação dos últimos 40 anos e vai ter dois dígitos já já. Eles estão indo para o inferno. Nós já saímos do inferno, conhecemos o caminho e sabemos como se sai rápido do fundo do poço”, disse o ministro, que prefere ignorar que a inflação oficial (IPCA) atingiu a marca de 12,13% no acumulado de doze meses.

Acreditando ser um especialista em questões políticas, Guedes criticou a reeleição de presidente da República no Brasil, ao mesmo tempo em que defendeu mandato de cinco anos para o chefe do Executivo. Ou seja, não bastasse o desastre que Jair Bolsonaro e os incompetentes de plantão patrocinaram nos últimos três anos e meio, o ministro gostaria de estender o caos por mais doze meses.

“A reeleição é tragédia brasileira. Era melhor ter mandato de cinco anos. Sempre fui a favor de acabar com a reeleição”, afirmou Paulo Guedes, que defendeu a reeleição de Bolsonaro.

Desavergonhado e sabujo, Paulo Guedes saiu em defesa do presidente Jair Bolsonaro, principalmente no tocante aos delírios golpistas, alegando que “todo mundo comete excessos”.

“Tem que respeitar a liberdade de opinião, se o cara [Bolsonaro] dá opinião é fascista?”, questionou. “Temos que respeitar instituições, tem uma instituição chamada Presidência da República”. O ministro acrescentou que é típico da democracia “a luta por demarcação de território”.

 
Paulo Guedes é dono de tão devastadora incompetência, que até o dono da barraca de praia no Leblon sente vergonha alheia por causa das declarações estapafúrdias do titular da Economia.

Somente um apasquinado que vive à margem da realidade é capaz de afirmar que o Brasil já saiu do “inferno da inflação”. Quem circula pelas grandes cidades brasileiras não precisa de muito esforço para constatar o fracasso da política econômica conduzida por Paulo Guedes e deformada por Bolsonaro. Dezenas de milhares de famílias vivem em situação de rua, enquanto outros milhares enfrentam longas filas em busca de um emprego. Além disso, os preços dos alimentos dispararam, enquanto a inadimplência seguiu o mesmo caminho. Se esse cenário representa a porta de saída do inferno, que Guedes explique o que é o reino de lúcifer.

Em relação a defender Jair Bolsonaro, o ministro confunde direito à liberdade de opinião com atitudes golpistas, ameaças à democracia e ao Estado de Direito, ataques ao Judiciário e ao sistema eleitoral. É preciso concordar com Paulo Guedes no caso do respeito às instituições, comportamento que deveria sugerir para que presidente da República adotasse. Querer que a Presidência seja respeitada enquanto outras instituições são diuturnamente atacadas é estar alienado da realidade.

Quem conhece a trajetória de Jair Bolsonaro como político não esperava que ministros e assessores fugissem ao seu perfil e fossem brilhantes em suas respectivas áreas. Tomando por base a delinquência intelectual de Bolsonaro, o ministro, que está longe de ser o “Posto Ipiranga”, é muita areia para a caçamba do golpe. Em suma, Paulo Guedes é um poeta quando calado.