Com sertanejos no centro do escândalo dos cachês, cresce o número de prefeituras investigadas

 
O cantor sertanejo Zé Neto, da dupla com Cristiano, jamais imaginou que o covarde ataque à cantora Anitta pudesse causar tantos estragos. Após suas declarações colocarem o também sertanejo Gusttavo Lima em situação difícil, principalmente em razão de cachês milionários pagos por prefeituras de pequenos municípios, autoridades decidiram investigar dezenas de contratações de shows, muitas das quais por valores exorbitantes e que não correspondem aos respectivos orçamentos municipais.

No domingo (5), o Superior Tribunal de Justiça (STJ) suspendeu a decisão judicial que autorizava a realização da Festa da Banana, em Teolândia, no Sul da Bahia. A prefeita Rosa Baitinga havia comemorado no final de semana a derrubada da decisão judicial de primeira instância que proibira o festejo. “Ninguém consegue derrotar aquele que Deus escolheu para vencer. Deus é justo! Deus sonda e conhece o meu coração”, escreveu a prefeita nas redes sociais.

O cantor Gusttavo Lima foi contratado pela Prefeitura de Teolândia por R$ 704 mil e estava dentro do ônibus a caminho da cidade baiana quando foi informado da decisão do ministro Humberto Martins, do STJ. Há dias, a prefeita Rosa Baitinga afirmou que a contratação do sertanejo possibilitaria a realização de um sonho. A gestora municipal ignorou o fato de Teolândia ter sofrido com as fortes chuvas no início deste ano.

O mais novo alvo das investigações no escopo do escândalo sertanejo é a dupla Simone e Simaria. O Ministério Público do Rio Grande do Sul investigará a contratação de show da dupla para a Festa da Gila e do Queijo Artesanal Serrano, na cidade de Bom Jesus. Localizado na serra gaúcha, o município, com 11,5 mil habitantes, contratou Simone e Simaria por R$ 380 mil. A título de comparação, a Prefeitura local destinou R$ 409 mil para a educação no mês de junho.

 
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Chama a atenção a discrepância entre o valor do show de Gusttavo Lima e o e o da dupla Simone e Simaria. Por essa razão o UCHO.INFO afirmou em matéria anterior que a investigação dos casos envolvendo contratações de shows por prefeituras deveria ir além da polêmica provocada por Zé Neto, que de maneira inominada criticou a decisão de Anitta de fazer tatuagem em parte íntima.

Em entrevista ao programa Fantástico, da TV Globo, Anitta afirmou já ter recebido propostas para desvio de recursos públicos. “Eu já recebi propostas. Eu e meu irmão. ‘Você cobra tanto, aí eu vou e pego um pedaço’. Eu falei não”, disse a cantora.

Anitta também afirmou na entrevista que jamais recorreu à Lei Rouanet, motivo pelo qual foi criticada por Zé Neto durante um show. “Meu irmão é que cuida para mim das coisas. Eu liguei para o meu irmão e para o meu outro sócio, Daniel, e falei ‘gente, eu já usei essa lei?’. ‘Porque eu não lembro.’ Eles falaram ‘não’.”

“Como a gente começou a nossa empresa do nada, a gente está sempre contratando auditoria, porque a gente sempre está com medo de fazer algo, por falta de conhecimento”, destacou a cantora.

Após a polêmica criada por Zé Neto sair do campo da maledicência, ao menor 30 cidades de mato Grosso, Minas Gerais, Rio de Janeiro e Roraima entraram na mira do Ministério Público por causa da contratação de estrelas do universo sertanejo. Isso significa que o escândalo está apenas no começo.

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