Temendo cassação de candidatura por divulgar “fake news”, Bolsonaro volta a ameaçar ministros do STF

 
Como temos afirmado há algumas semanas, o desespero tomou conta do Palácio do Planalto por causa da possibilidade de o presidente Jair Bolsonaro ser derrotado no primeiro turno das eleições de outubro.

Apesar do quadro apontado por diversas pesquisas eleitorais, Bolsonaro deveria moderar o discurso e tomar providências para minimizar as muitas dificuldades enfrentadas pela população, mas prefere acirrar o discurso golpista, com ameaças a ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e ataques ao sistema de votação.

Na terça-feira (7), minutos após a Segunda Turma do STF restabelecer a cassação do bolsonarista Fernando Francischini (União Brasil-PR), Bolsonaro se descontrolou e, aos gritos, disparou ataques aos ministros Luiz Edson Fachin. Alexandre de Moraes e Luís Roberto Barroso, como se os magistrados fossem responsáveis pelo desastre em que se transformou o governo.

Nesta quarta-feira (8), durante evento na Associação Comercial do Rio de Janeiro, o chefe do Executivo voltou a fazer ameaças ao Judiciário, afirmando novamente que pode não mais cumprir decisões judiciais. Bolsonaro fez referência ao marco temporal, matéria que não tem data para ser julgada pelo STF e, a depender do resultado, levará a novo cenário no campo da demarcação de terras indígenas.

Ciente de que o descumprimento de determinação do STF configura crime de responsabilidade, o que possibilita a abertura de processo de impeachment, Bolsonaro respalda seus devaneios discursivos na relação espúria com o Centrão, o que há de pior na política nacional.

 
A questão que se apresenta no rastro dos seguidos rompantes de ira é que aliados mais próximos, muitos dos quais concorrerão nas eleições de outubro, começam a se afastar para evitar que as respectivas imagens sejam associadas a um descontrolado que insiste em invocar em vão o nome de Deus a todo momento e não se cansa de dizer que “joga dentro das quatro linhas da Constituição”, o que não é verdade.

No evento oficial que teve lugar no Palácio do Planalto na terça-feira, Bolsonaro fez uma confissão de culpa ao dizer que ele tem repetido à exaustão a fala de Francischini sobre a vulnerabilidade das urnas. Na verdade, em vídeo divulgado em 2018 o bolsonarista cassado afirmou, sem apresentar provas, que urnas eletrônicas utilizadas no Paraná foram alvo de fraude. Diversos órgãos que investigaram o caso concluíram que tudo não passou de disseminação de informação falsa.

O temor de Jair Bolsonaro é que sua chapa à reeleição seja cassada pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) por divulgação de informações falsas. O ministro Alexandre de Moraes, que em agosto assumirá a presidência do TSE, já avisou que candidatos que divulgarem informações falsas terão os registros das candidaturas cassados.

Não por acaso, Bolsonaro tem desafiado de forma recorrente os integrantes do TSE a cassarem o registro de sua chapa. O presidente faz ameaças das mais diversas quando aborda o tema, confirmando que o núcleo duro da sua campanha pela reeleição foi tomado pelo desespero. Isso explica seus discursos golpistas.

Em caso de cassação do registro da candidatura, Bolsonaro poderá espernear à vontade e usar todos os recursos judiciais cabíveis, mas se o seu nome e o do vice não forem inseridos no sistema das urnas eletrônicas, a derrota acontecerá antes do previsto.


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