Milton Ribeiro recebeu depósito no valor de R$ 60 mil feito por Arilton Moura, um dos “pastores do MEC”

 
Recentemente, em conversas com os apoiadores que diariamente ficam aglomerados no cercadinho do Palácio da Alvorada, em Brasília, o presidente Jair Bolsonaro afirmou, em tom de comemoração, que passados mais de três anos nenhum caso de corrupção ocorreu no governo.

O governo acumula casos de corrupção, os quais o presidente finge ignorar. O chefe do Executivo tem o direito à livre manifestação do pensamento, mas negar a realidade é demais. Porém, para quem negou a ciência e a pandemia tudo é possível.

O escândalo envolvendo pastores e o ex-ministro da Educação, Milton Ribeiro, é prova maior da ciranda criminosa que roda nos subterrâneos da gestão Bolsonaro, mesmo que o presidente negue s fatos. Além disso, o esquema que funcionava na Educação explica o modus operandi que prevaleceu no Ministério da Saúde no âmbito da compra de vacinas contra Covid-19, por exemplo.

As denúncias de corrupção na Saúde foram ignoradas pela Procuradoria-Geral da República (PGR), que legalmente tem o dever de fazer cumprir a lei e fiscalizar o governo e suas transgressões. Como a PGR é controlada à distância pelo Palácio do Planalto, o que explica a pasmaceira do procurador Augusto Aras, foi preciso decretar a prisão dos alarifes da Educação para que a verdade viesse à tona de maneira a não permitir desculpas esfarrapadas.

Preso preventivamente na manhã desta quarta-feira (22) nano âmbito da “Operação Acesso Pago”, da Polícia Federal, Milton Ribeiro recebeu em conta bancária depósito no valor de R$ 60 mil feito pelo pastor Arilton Moura, próximo de Bolsonaro e que intermediava demandas de prefeituras interessadas em recursos do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE). O pastor cobrava propina para liberar os recursos.

Pessoas próximas Ribeiro alegam que o depósito é referente à venda de um carro da esposa do ex-ministro, Myriam Pinheiro Ribeiro, para Victória Bartolomeu, filha de Arilton Moura. De acordo com o documento de transferência do veículo (KIA Sportage 2015-2016), o negócio foi concluído em 21 de fevereiro de 2022, um mês antes da eclosão do escândalo no Ministério da Educação.

 
Há nessa justificativa uma informação discrepante. De acordo com a tabela FIPE (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas), o preço de mercado do veículo vendido por Ribeiro varia de R$ 85 mil a R$ 93 mil.

Outro detalhe chama a atenção na transação. Apesar de Victória Bartolomeu residir em Goiânia, a transferência do veículo foi validada em um cartório de Santos, cidade do litoral paulista onde mora Ribeiro.

O depósito bancário foi identificado em investigação da Controladoria-Geral da União (CGU), que sem dar detalhes informou por meio de nota que apenas repassou a informação à Polícia Federal e ao Ministério Público.

As prisões preventivas do ex-ministro e dos pastores do MEC foram decretadas pela Justiça Federal com base em incontestável conjunto probatório. Pessoas próximas aos envolvidos revelaram ao UCHO.INFO, sob condição de anonimato, que o caso ainda tem muitos detalhes comprometedores a serem revelados. Um dos envolvidos, segundo a nossa fonte, tem documentos e provas que, se trazidas a público, têm poder de mandar o governo Bolsonaro pelos ares em questão de horas.

Com sempre acontece em casos de corrupção envolvendo políticos, governantes e seus prepostos, não importando a corrente ideológica, os acusados sempre surgem em cena ao lado de advogados renomados e caros.

Mesmo assim, causa espécie o fato de, assim como em outros episódios de corrupção, o ex-ministro Milton Ribeiro ter contratado um conhecido criminalista para cuidar da sua defesa. Reforçando o que sempre afirmamos, todo acusado ou investigado tem garantido o direito à ampla defesa e ao devido processo legal, observado o princípio da presunção de inocência até o trânsito em julgado de eventual sentença penal condenatória.

Comparando o caso em questão com outros episódios recentes de corrupção, o custo de uma defesa como a que almeja Ribeiro gira na casa dos sete dígitos (antes da vírgula, é claro). O advogado se beneficia da tese do “terceiro de boa-fé’, ou seja, a responsabilidade pela origem do dinheiro é do contratante. De tal modo, até para evitar maiores rumores, o ex-ministro deveria explicar de onde tirará os recursos.


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