Decidido a transferir o custo da campanha aos brasileiros, Bolsonaro acena com “vale-diesel” de R$ 1 mil

 
Ao longo das últimas semanas temos afirmado que o desespero subiu a rampa do Palácio do Planalto e se instalou no gabinete do presidente Jair Bolsonaro, que assiste ao derretimento do seu projeto de reeleição. De igual maneira temos insistido que a polêmica que surgiu e fermenta no terreno dos preços dos combustíveis é também e principalmente fruto da desastrada política econômica comandada pelo ainda ministro Paulo Guedes.

Diante dos baixos índices das pesquisas eleitorais, Bolsonaro decidiu declarar guerra à Petrobras, como se a política de preços da empresa estivesse a serviço da campanha do ex-capitão. O presidente acionou a base aliada no Congresso para fixar um teto para o ICMS incidente sobre os combustíveis, assunto que compete apenas aos estados.

O ministro André Mendonça, o “terrivelmente evangélico” indicado por Bolsonaro ao Supremo Tribunal Federal (STF), mais uma vez mostrou subserviência e determinou que os estados respeitem o limite do ICMS. Monocrática, a decisão é liminar é provavelmente será alvo de recurso dos governadores.

A fórmula encontrada por Bolsonaro para acalmar os ânimos da população contempla a criação de um “vale-diesel” para caminhoneiros – aproximadamente 650 mil – e o aumento do valor do auxílio gás, que passaria dos atuais R$ 53 para R$ 106, com a possibilidade de manter-se o valor e mudar a periodicidade do benefício de bimestral para mensal.

 
Logo de início, o governo acenou com um “vale-diesel” no valor de R$ 400, mas o presidente da Associação Brasileira de Condutores de Veículos Automotores (Abrava), Wallace Landim, o Chorão, considerou a proposta “deboche” e “esmola”.

“Ontem o governo federal recebeu R$ 8,8 bilhões dos lucros da Petrobras, os acionistas receberam R$ 24 bilhões. Agora, Bolsonaro me vem com a proposta de R$ 400 de voucher para os caminhoneiros”, disse Chorão. “Lira [Arthur Lira] tem que procurar algum amigo que seja transportador para se informar se isso vai fazer algum efeito para a categoria. É uma esmola”, completou.

Temendo enfrentar a reedição da greve da categoria em nível nacional, como a que incentivou de forma irresponsável em 2018, Bolsonaro determinou aos assessores que estudem a viabilidade de o auxílio aos transportadores rodoviários ser de R$ 1 mil.

Esse movimento do governo para majorar os valores dos benefícios mostra de forma inequívoca que Bolsonaro está decidido a transferir ao contribuinte o custo de uma campanha eleitoral problemática e que dificilmente conseguirá reverter o cenário atual.

Para que leitores e leitoras consigam avaliar a extensão do estrago, levando em consideração apenas o auxílio aos caminhoneiros, a campanha de Bolsonaro custará aos brasileiros R$ 3,9 bilhões (R$ 650 milhões por mês) até o final do ano, caso o “vale-diesel” comece a ser pago em julho. Caso o benefício seja estendido a taxistas e motoristas por aplicativos, a conta será muito maior.


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