Aliados mostram tranquilidade com eleição presidencial, mas nos bastidores Bolsonaro é só preocupação

 
Presidente do Senado federal, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), decidiu nesta terça-feira (5) que a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para apurar casos de corrupção no Ministério da Cultura só poderá dar início aos trabalhos após as eleições de outubro. Advogado e jurista, Pacheco, que atende aos interesses do Palácio do Planalto, sabe que sua decisão poderá ser contestada no Supremo Tribunal Federal (STF), mesmo alegando não haver espaço para isso.

A base de apoio ao presidente Jair Bolsonaro atuou nos bastidores para evitar a criação da CPI, mas o máximo que conseguiu foi adiar o início das investigações, que na opinião do UCHO.INFO resultarão em nada, como aconteceu com a comissão criada para apurar denúncias de corrupção no campo da compra de vacinas contra Covid-19. Considerando que o relatório de qualquer CPI depende da Procuradoria-Geral da República (PGR) para ter efeito prático, insistir no tema a poucos meses da eleição é perda de tempo.

Na verdade, o melhor que a oposição pode fazer a essa altura é manter o escândalo do MEC na pauta e fazer com que o governo de Bolsonaro sangre politicamente à sombra da roubalheira que aconteceu na órbita do Fundo Nacional para o Desenvolvimento da Educação (FNDE), por obra e graça do chamado “gabinete dos pastores”, cujos integrantes são próximos do presidente da República.

Líder do governo no Congresso Nacional, o senador Eduardo Gomes (MDB-TO) disse na segunda-feira (4) que a insistência dos partidos de oposição para a criação da CPI do MEC decorre do medo de o presidente da República ser reeleito. “O único fato determinado dessa CPI do MEC até o momento é o medo de o Bolsonaro ganhar a eleição”, disse Gomes em entrevista ao jornal “Folha de S.Paulo”.

Em que pese o direito do senador emedebista à livre manifestação do pensamento, se recusar a não enxergar a realidade é prova de inocência ou “missa encomendada”. Isso porque está em curva de alta desespero que circula pelos corredores do Palácio do Planalto.

 
Estivesse despreocupado com seu projeto de reeleição, Jair Bolsonaro estaria se comportando de forma diferente nos bastidores palacianos. O aumento de 75% nos gastos do governo em publicidade veiculada na TV Globo, alvo de seguidos ataques de Bolsonaro, que já ameaçou não renovar a concessão da emissora carioca, é prova inconteste da preocupação que ronda a sede do Executivo federal.

Outra demonstração de desespero surgiu a partir da decisão de Bolsonaro de cancelar encontro com o presidente de Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa. O líder dos portugueses reuniu-se com o ex-presidente Lula no domingo (3), o que motivou a postura intempestiva do mandatário brasileiro.

Não obstante, Bolsonaro cobrou de ministros e assessores, durante reunião no Palácio do Planalto, defesa enfática do governo, em claro sinal de preocupação com a corrida presidencial. De acordo com a legislação eleitoral vigente, o presidente da República está proibido desde o último sábado (2) de inaugurar obras. De tal modo, cabe aos integrantes do governo desempenharem o papel de “boneco de ventríloquo”.

Apesar do discurso uníssono exigido por Bolsonaro e das declarações ufanistas de representantes da base aliada, Bolsonaro tem motivos de sobra para se preocupar com seu principal adversário na disputa presidencial. Afinal, a PEC do Desespero não passe de escandalosa compra de votos.

Além dos recentes escândalos na órbita do governo – assassinatos de Bruno Pereira e Dom Phillips, corrupção no MEC e escândalo na Caixa Econômica Federal – que minam a campanha de Bolsonaro, o petista continua sendo uma ameaça real.

A título de informação, resgatando dados passados, na disputa presidencial de 2018, mesmo com Lula preso em Curitiba e sem condições de concorrer ao Palácio do Planalto, pesquisas de opinião apontavam o petista como eventual vencedor nos primeiro e segundo turnos da disputa.


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