Em 2018, durante a campanha presidencial, afirmamos que o então candidato Jair Bolsonaro, se bem-sucedido nas urnas, em algum momento daria um “cavalo de pau” na democracia brasileira. Eleito na esteira do discurso antipetista e do ataque a faca em setembro daquele ano, Bolsonaro vem esgarçando o tecido democrático desde que chegou ao Palácio do Planalto.
Golpista convicto, Jair Bolsonaro agora aposta todas as fichas na tensão social como forma de abrir caminho para a ruptura democrática. Depois de levar o País ao caos econômico generalizado, como há muito não se via, Bolsonaro alimenta cada vez mais a radicalização, acreditando que a instalação do terror é garantia de permanência no poder.
Os recentes casos de violência, com destaque para o assassinato do petista Marcelo Arruda, em Foz do Iguaçu (PR), não deixam dúvidas de que essa é a estratégia adotada pelo presidente e seus estafetas de campanha, uma vez que as pesquisas eleitorais não são animadoras.
A corrida presidencial promete ser tensa e extremamente perigosa, por isso nenhum brasileiro dotado de bom-senso deve cair na armadilha da provocação da horda bolsonarista, pois o que Bolsonaro mais deseja é um cenário de convulsão social para inviabilizar as eleições.
Hoje, mais do que nunca, o processo eleitoral precisa ocorrer para que o Brasil retome a normalidade democrática, mandando de volta para casa, talvez para o presídio, os golpistas que teimam em governar para as elites, abandonando o povo à própria sorte, e flertando diuturnamente com o autoritarismo populista.
Não obstante, ninguém deve acreditar no falso bom-mocismo de Bolsonaro, que invoca o nome de Deus em vão ao mesmo tempo em que adota práticas luciferianas. O discurso do “nós contra eles”, do “bem contra o mal” e da volta do comunismo é um claro sinal de que o desespero do presidente cresce à medida em que seu projeto de reeleição esfarela.
Como se não bastasse a tragédia econômica que impôs ao País, cuja responsabilidade foi estendida à pandemia e à guerra na Ucrânia, Bolsonaro recorre ao devaneio ideológico para amedrontar a população com algo que simplesmente inexiste. O pior nesse cenário, que remonta ao período da ditadura militar, é que ainda há quem apoie um aprendiz de tiranete e adorador de torturadores.
Desde janeiro de 2019, o chefe do Executivo testa a capacidade de resistência das instituições, governando (sic) à sombra de balões de ensaio que mesclam ameaças à democracia e ataques ao Judiciário. Essas investidas criminosas do presidente da República serviram para instar a turba bolsonarista a se preparar para um revés nas urnas.
Por enquanto, Bolsonaro não se importa com o fato de ser refém do Centrão, o que há de pior na política, pois, em caso de reeleição, o plano de golpe prevê aniquilar os parlamentares que usam o mandato legislativo como instrumento de chantagem. O presidente foi obrigado a aceitar as imposições do Centrão para, evitando processos de impeachment, esculpir o plano totalitarista com tranquilidade.
Pela tangente
No afã de escapar do rótulo de incentivador do discurso de ódio que toma conta de parte do eleitorado, Bolsonaro tenta passar ao largo do assassinato de Marcelo Arruda, tesoureiro do PT em Foz do Iguaçu, no Paraná. Em conversa com apoiadores, o presidente disse que nada tem a ver com o crime em questão.
“Quando o Adélio me esfaqueou, ninguém falou que ele era filiado ao PSOL”, disse Bolsonaro, em referência a Adélio Bispo. “Agora, o que eu tenho a ver com esse episódio?”, questionou.
Como já noticiamos, a Polícia Federal confirmou, no âmbito de duas investigações, que Adélio Bispo agiu sozinho, desde o planejamento até a execução do crime levado a cabo em 6 de setembro de 2018, em Juiz de Fora (MG). A questão é que a Bolsonaro e a seu rebanho interessa manter o discurso mentiroso de que o crime cometido por Adélio foi de encomenda.
Em que pese sua devastadora delinquência intelectual, Bolsonaro sabe que o discurso sempre marcado por intolerância e ódio foi a alavanca para que o bolsonarista Jorge Guaranho, policial penal federal, cometesse o crime na cidade paranaense.
Contudo, é enorme a torpeza com que o crime vem sendo tratado por Bolsonaro e todos os que gravitam na sua órbita. Vice-presidente da República e pré-candidato ao Senado pelo Rio Grande do Sul, Hamilton Mourão disse que o crime “não é preocupante”.
“Não é preocupante, não queira fazer exploração política disso aí. Vou repetir o que estou dizendo, vamos fechar esse caixão. Para mim, é um evento desses lamentáveis que ocorrem todo final de semana nas nossas cidades, de gente que briga e termina indo para o caminho de um matar o outro”, afirmou Mourão.
Um dos próceres do Centrão e pivô do escândalo da compra das vacinas indianas contra Covid-19, o líder do governo na Câmara dos Deputados, Ricardo Barros (PP-PR), classificou o ocorrido como “briga de trânsito”. “Vamos entender a discussão antecedente. Acontece muito em brigas de trânsito”, disse o parlamentar.
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