(*) Gisele Leite
Milhares de brasileiros vivem vertiginosa era de extremos. Nesses últimos dois anos de pandemia, o país oscilou entre um dos menores índices de pobreza da história, segundo fontes do IBGE, iniciada em 2012, para o maior índice de todos.
O que determina um vaivém de programas sociais implementados pelo atual governo federal. Logo no começo da pandemia, a renda de dez por cento dos mais pobres despencou para o menor patamar já registrado, em seguida, com a criação do Auxílio Emergencial, fora arremessada para um pico histórico, para, logo em seguida, com o fim do mesmo Auxílio, voltou a despencar a um patamar pré-pandemia.
Essa variação extrema provocou inédita instabilidade e causou impactos sérios no bem-estar social. Traduzindo o equivalente a 62,9 milhões de brasileiros que tinha renda per capita de até R$ 497,00, que é o patamar internacional para traçar a linha da pobreza. O benefício do governo, Auxílio Brasil, começa a rever esse quadro, mas, suas consequências ainda são obscuras.
Já os mais ricos só perderam 6% da renda, passando de R$ 17 mil para 15,9 mil. Esse abismo da desigualdade só cresceu. O salário-mínimo de 2021 foi de R$ 1.100, enquanto a renda média per capita dos 5% mais pobres do Brasil, porém, foi de apenas R$ 39,00 o equivalente a R$ 1,30 por dia. Assim, para galgar o valor do salário-mínimo, portanto, um brasileiro precisaria de 846 dias.
Enquanto um brasileiro da faixa dos mais ricos, precisaria pouco mais de dois dias. Pernambuco foi o Estado da federação brasileira onde a pobre cresceu mais sensivelmente em 2021. Tanto no Rio de Janeiro quanto em São Paulo assistiram a pobreza majorar de forma mais aguda nas periferias do que nas capitais.
O contraste no RJ foi notável, pois a proporção de pobres na capital cresceu menos do que um ponto percentual, ao passo que na região metropolitana de Duque de Caxias, o aumento foi de sete pontos percentuais.
Todo esse cenário dantesco ainda é mais agitado por conta das vindouras eleições de 2022, onde a PEC Kamikaze investe em política pública de renda para os menos favorecidos, sem se preocupar com geração de empregos e de estabilidade econômica.
Referências:
MAZZA, Luigi; BRAGA, Thallys; BUONO, Renata. O sobe e desce da pobreza. Revista Piauí. Disponível em: https://piaui.folha.uol.com.br/o-sobe-e-desce-da-pobreza
FGV, Montanha Russa da Pobreza. Disponível em: https://www.cps.fgv.br/cps/bd/docs/MontanhaRussaDaPobreza_Neri_Hecksher_FGV_Social.pdf Acesso em 10.7.2022.
FGV. Mapa Nova Pobreza. Disponível em: https://www.cps.fgv.br/cps/bd/docs/Texto-MapaNovaPobreza_Marcelo_Neri_FGV_Social.pdf Acesso em 10.7.2022.
(*) Gisele Leite – Mestre e Doutora em Direito, é professora universitária.
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