O discurso golpista de Jair Bolsonaro continua dando o tom no cotidiano da política nacional. Não bastassem as investidas criminosas do presidente da República contra a democracia, a Justiça Eleitoral e o processo de votação, agora é a vez do ministro da Defesa, Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira, voltar à carga contra o processo eleitoral.
Sabujo de última hora, o ministro da Defesa propôs nesta quinta-feira (14), durante audiência no Senado Federal, a realização de uma votação paralela com cédulas de papel. A audiência foi convocada pelo senador Eduardo Girão (Podemos-CE), conhecido bajulador de Bolsonaro.
Nogueira disse na audiência que a votação paralela com cédulas de papel seria um “teste de integridade” das urnas eletrônicas em 2 de outubro. Como se sabe, desde que passaram a ser utilizadas, as urnas eletrônicas não apresentaram qualquer indício de fraude. A Polícia Federal investigou todas as denúncias envolvendo o sistema de votação e não encontrou qualquer indício de irregularidade.
O chefe da equipe das Forças Armadas no grupo de Fiscalização do Processo Eleitoral, coronel Marcelo Nogueira de Sousa, disse que os militares estudaram os sistemas do TSE e detectaram uma série de possíveis ameaças. De acordo com Sousa, a equipe ainda não conseguiu concluir que tais riscos podem ser neutralizados. No contraponto dessa manobra golpista, o TSE tem garantido que o processo é seguro e não há provas de ameaças de falha.
Nogueira de Sousa propôs o “teste de integridade na seção eleitoral”, após a lacração das urnas e dos sistemas, etapa a mais de verificação dos sistemas eletrônicos do que o TSE prevê atualmente, a impressão do boletim de urna e uso de pelo menos duas urnas eletrônicas, uma para a votação oficial e outra paralela destinada a testes.
O Tribunal de Contas da União (TCU) atestou que o processo eleitoral é seguro e continuará fazendo os testes de verificação de forma ampla. Resumindo, o ministro da Defesa, que encampou o discurso golpista de Bolsonaro, quer imiscuir em assunto que não é de competência das Forças Armadas, como estabelece a Constituição Federal de 1988.
O presidente Jair Bolsonaro passou a pressionar a pasta da Defesa ainda mais porque precisa de uma narrativa minimamente convincente para apresentar aos representantes diplomáticos que, segundo o chefe do Executivo, seriam convocados para uma reunião em que seria apresentado um arquivo “Powerpoint” com as alegadas vulnerabilidades. O encontro com os diplomatas foi anunciado para esta semana, mas até agora não ocorreu.
O ministro Paulo Sérgio, em vez de reverberar a estratégia antidemocrática de Bolsonaro, deveria se preocupar, por exemplo, com a vulnerabilidade da Amazônia, em especial na região onde foram mortos o indigenista Bruno Pereira e o jornalista britânico Dom Phillips.
Com o caso do duplo assassinato perdendo espaço na grande imprensa, como de costume, garimpeiros ilegais começaram a ancorar suas dragas em rios da região, extraindo riquezas minerais ao arrepio da lei e poluindo o meio ambiente com metais pesados, como mercúrio, por exemplo.
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