Encontro de Bolsonaro com diplomatas estrangeiros será mais um ataque ao sistema eleitoral e ao TSE

 
Agendado para a tarde desta segunda-feira (18) – e por enquanto mantido – o encontro do presidente Jair Bolsonaro com representantes diplomáticos no Palácio da Alvorada será mais um capítulo da epopeia golpista que visa desacreditar o sistema eleitoral brasileiro.

Sem provar até o momento as aludidas fraudes no sistema de votação, Bolsonaro tenta com o encontro busca amparo internacional para um discurso descabido e típico de quem está disposto a não aceitar os resultados das eleições caso seja derrotado nas urnas.

O presidente anunciou que embaixadores estrangeiros no Brasil seriam convidados para participar do encontro que, segundo o chefe do Executivo federal, terá como cardápio a apresentação de teorias conspiratórias que não se sustentam.

A pauta da reunião, que deverá contar com a participação de até 40 diplomatas, se resume a mais um ataque às urnas eletrônicas. Mesmo tendo admitido não ter provas sobre os ataques que faz ao sistema eleitoral, Bolsonaro deve abordar com os representantes das embaixadas supostas fraudes nas eleições de 2014 e 2018, quando ele e os filhos foram eleitos.

Apesar de algumas representações diplomáticas terem confirmado a presença de seus diplomatas no encontro, o núcleo duro do governo teme que o evento acabe esvaziado, já que representantes de embaixadas de países importantes devem faltar à reunião.

Além disso, muitos países recomendaram a seus representantes que, caso participem do encontro, não façam eco ao discurso golpista de Jair Bolsonaro, cujo desespero cresce com o desmoronamento do seu projeto de reeleição.

 
Com o objetivo de justificar um eventual fracasso do encontro, Bolsonaro disse aos apoiadores que diariamente se aglomeram no “cercadinho” do Palácio da Alvorada que não dormiu à noite por causa de gripe e febre. O presidente estava com coriza, mas não disse aos aduladores se havia feito teste para Covid-19.

Ao relatar a indisposição, Bolsonaro disse aos simpatizantes que gostaria de estar em uma praia, mas que o exercício da Presidência é uma “missão”. “Eu queria estar na praia uma hora dessas, do lado de vocês, é lógico. Eu entendo que o que acontece comigo é uma missão, cumprir essa missão. Não dormi a noite toda, febre, gripe”, disse.

O que Jair Bolsonaro dirá aos diplomatas não encontra respaldo no campo da lógica. A alegação de que as eleições podem ser fraudadas é uma desmedida falácia, já que as urnas eletrônicas, em linguagem cotidiana, funcionam como um disco rígido externo sem conexão com a rede mundial de computadores, ou seja, não há como o equipamento ser alvo de ação de hackers.

Na presença de representantes de diversos órgãos públicos e de entidades da sociedade civil, as urnas são zeradas e lacradas antes de serem enviadas aos estados e municípios, o que impossibilita a inserção prévia de votos para qualquer candidato. Não obstante, após a conclusão da votação, a urna emite um boletim específico, impresso, que serve para auditar os votos em cada máquina.

Por outro lado, as investidas do ministro da Defesa contra o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o que mostra a nauseante sabujice do ministro Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira, beiram o delírio. A mais recente proposta do ministro foi a realização de uma votação paralela com cédulas de papel, após o eleitor votar nas urnas eletrônicas.

Como não há como garantir que determinados eleitores repetirão na cédula de papel os votos depositados nas urnas, resta concluir que Bolsonaro busca desesperadamente um motivo para contestar os resultados das eleições de outubro e, ato contínuo, convulsionar o País. Isso abriria caminho para o golpe, apesar que na prática, após terceirização, o golpe já foi perpetrado pelo presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), um dos próceres do Centrão.


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