Após indicações ao STJ, relação entre Jair Bolsonaro e o Supremo deve piorar sobremaneira

 
Até a manhã desta segunda-feira (1), esperava-se que o relacionamento entre o Palácio do Planalto e o Supremo Tribunal Federal (STF) ultrapassaria com folga os limites da crise e da tensão. Isso porque dentro de alguns dias a ministra Rosa Weber assumirá a presidência do STF, em substituição a Luiz Fux. A ministra tem votado contra os interesses do presidente da República, que há muito direciona sua insana verborragia na direção da Corte.

A relação entre Executivo e Judiciário deve piorar ainda mais porque o ministro Luiz Edson Fachin em breve passará o comando do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para Alexandre de Moraes, desafeto número 1 de Bolsonaro e dos apoiadores do presidente que confundem liberdade de expressão com licença para cometer crimes. Em outras palavras, o que já era difícil deve piorar.

Diz a sabedoria popular nem tudo está tão ruim que não possa piorar. Esse é o cenário que surgiu no horizonte com a edição desta segunda-feira do Diário Oficial da União (DOU), que trouxe a indicação de dois magistrados para vagas no Superior Tribunal de Justiça (STJ): Messod Azulay Neto, atual presidente do Tribunal Regional Federal da 2ª Região (TRF-2), e Paulo Sérgio Domingues, desembargador do Tribunal Regional Federal da 3ª Região (TRF-3).

Domingues foi indicado por Bolsonaro depois de lobby exercido pelo ministro Kassio Nunes Marques, do STF, que nega a pressão exercida nos bastidores. Fato é que Nunes Marques ameaçou romper com o presidente da República caso fosse indicado no lugar de Domingues o também desembargador Ney Bello, do TRF-1.

 
Desafeto de Nunes Marques, o desembargador Ney Bello contava com o apoio do ministro Gilmar Mendes, que até então vinha fazendo uma ponte entre Bolsonaro e o Supremo. Até a última semana, Bello era considerado favorito para ocupar uma das vagas no STJ.

Com a decisão do chefe do Executivo de preterir o nome de Bello, a relação entre os dois Poderes tende a piorar de agora em diante. Nos momentos de maior tensão com o STF, algo que acontece desde o início do atual governo, Bolsonaro sempre procurou Gilmar Mendes para se aconselhar.

Com o novo cenário, o ministro Gilmar Mendes se sentirá à vontade para votar na esteira da letra fria da lei. Considerando que o governo de Jair Bolsonaro começa a sofrer reveses no STF no tocante à compensação a alguns estados por causa da redução do ICMS sobre combustíveis, a situação deve tornar-se ainda mais difícil para um presidente da República que busca a reeleição.

Coincidência ou não, o relator da Ação de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) sobre a limitação do ICMS dos combustíveis é Gilmar Mendes. Resumindo, o segundo semestre promete muitas emoções. A conferir!


Se você chegou até aqui é porque tem interesse em jornalismo profissional, responsável e independente. Assim é o jornalismo do UCHO.INFO, que nos últimos 20 anos teve participação importante em momentos decisivos do País. Não temos preferência política ou partidária, apenas um compromisso inviolável com a ética e a verdade dos fatos. Nossas análises políticas, que compõem as matérias jornalísticas, são balizadas e certeiras. Isso é fruto da experiência de décadas do nosso editor em jornalismo político e investigativo. Além disso, nosso time de articulistas é de primeiríssima qualidade. Para seguir adiante e continuar defendendo a democracia, os direitos do cidadão e ajudando o Brasil a mudar, o UCHO.INFO precisa da sua contribuição mensal. Desse modo conseguiremos manter a independência e melhorar cada vez mais a qualidade de um jornalismo que conquistou a confiança e o respeito de muitos. Clique e contribua agora através do PayPal. É rápido e seguro! Nós, do UCHO.INFO, agradecemos por seu apoio.