Adeus ao Jô

(*) Gisele Leite

Jô era um gênio… enfim, a alma humana é alvo fácil da dor, da surpresa dolorosa que é nossa irremediável finitude. A humanidade ainda farta de tanta inconstância, frivolidades e de uma miséria contumaz.

Ao invés de nutrir uma angústia ou tristeza, ele fazia troça de tudo aquilo, traía a tragédia com a mais pura e honesta comédia. Num raio súbito, descobria em cada um de seus entrevistados o que há de humano demasiadamente humano…

Diante de sua inteligência ágil e dinâmica cultural era fácil aprender e compreender a comunicabilidade da emoção. Sua sinceridade, por vezes, irônica e sagaz nas fazia sentir a emoção espontânea e, ver a graça, mesmo em meio a dor e ao infortúnio.

Enfim, todos nós somos iguais na capacidade para o erro e para o sofrimento. Mesmos os mais nobres e previdentes, vêm a passar e a sofrer, a isto chamamos de vida. Que nos ensina e, ao mesmo tempo, nos domestica.

Carpe diem… Aproveite o dia, o tempo. Mas o que é o tempo? Podemos verbalizar o tempo. Escrever sobre o tempo. E, mirá-lo, mas as suas lentes eram prodigiosas.

Jô Soares foi humorista, apresentador de televisão, escritor, dramaturgo, diretor teatral, ator e músico brasileiro. Com uma notável carreira de mais de meio século. Mesmo durante os nefastos anos de chumbo não deixou de satirizar a ditadura militar…

E, seu personagem Reizinho era ao mesmo tempo infantil e certeiro. Deixou saudades quando seu programa sair do ar em 2016. Mas, conforme ele pediu. Não chorarei por sua morte.

Mas, sentir-me-ei feliz de tê-lo conhecido e boa parte de minha vida, entendido suas ironias, piadas, personagens que deixaram a riqueza da alegria regada pela reflexão. Seu legado para a cultura brasileira é inesquecível.

(*) Gisele Leite – Mestre e Doutora em Direito, é professora universitária.

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