“Rachadinhas”: Queiroz disse que negociava carros usados, agora alega que comprava e vendia bezerros

 
A exemplo do que ocorre no terreno da política, a família do presidente Jair Bolsonaro parece ter se especializado no milagre da multiplicação, não dos pães, mas das cédulas. Essa expertise acabou contagiando alguns dos que gravitam na órbita do clã presidencial. É o caso de Fabrício Queiroz, o operador do esquema criminoso das “rachadinhas” no gabinete do então deputado estadual Flávio Bolsonaro na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj).

Antes de entrar na seara de Queiroz, é importante destacar declarações do ex-ministro Abraham Weintraub a respeito de corrupção no governo Bolsonaro e da evolução patrimonial dos filhos do presidente da República.

Em entrevista ao site Metrópoles, Weintraub afirmou que odeia corrupto. O ex-titular da Educação, que até recentemente era ferrenho defensor do chefe do Executivo, sugeriu haver “fortes indícios” de corrupção na atual gestão, além da existência de “sinais de enriquecimento de membros da família Bolsonaro”, citando como exemplo a mansão adquirida pelo senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) em Brasília, ao preço de quase R$ 6 milhões.

Weintraub disse na entrevista que a “porrada” que mais o “machucou” em relação à família Bolsonaro foi quando se deparou com notícias referentes às mansões de Flávio e Jair Renan, filhos “01 e 04” do presidente.

“Odeio ladrão, odeio corrupto, tenho nojo dessas pessoas. Começou a ter fortes indícios de corrupção e sinais de enriquecimento de membros da família Bolsonaro. A porrada que mais me machucou foi quando eu vi a casa de Flávio Bolsonaro e do Renan Bolsonaro. O grande tapa na cara foi a viagem que o Flávio fez para Mônaco para assistir o Grande Prêmio [de Fórmula 1]”, destacou o ex-ministro.

 
Voltando a Queiroz… Quando o escândalo das “rachadinhas” veio a público, Fabrício Queiroz justificou sua movimentação bancária com a desculpa de que os recursos eram provenientes da compra e venda de automóveis usados, o que não convenceu. Em seguida disse que o dinheiro referente a parte dos salários dos servidores do gabinete de Flávio Bolsonaro era usado para contratar cabos eleitorais.

Na sequência, soube-se que Queiroz pagava contas pessoais de Flávio Bolsonaro em dinheiro vivo e fizera depósitos na conta bancária da primeira-dama Michelle Bolsonaro. O presidente da República alegou que se tratava da devolução de parte de um empréstimo feito a um amigo.

Mais tarde surgiu a informação de que o miliciano Adriano da Nóbrega, morto em 9 de fevereiro de 2020, no interior da Bahia, durante ação policial que reuniu forças de segurança baiana e fluminense, disponibilizou contas bancárias para lavar o dinheiro das “rahadinhas”.

Não por acaso, a mãe e a ex-mulher do fundador do grupo de matadores de aluguel conhecido como “Escritório do Crime” trabalharam (sic) no gabinete de Flávio Bolsonaro. Adriano da Nóbrega foi executado porque sabia demais e tinha informações capazes de colocar alguns poderosos em situação de dificuldade.

Candidato a deputado estadual pelo PTB do Rio de Janeiro, Queiroz agora apresenta uma nova versão para a movimentação bancária que chamou a atenção do Ministério Público. O homem de confiança da família Bolsonaro alega que os recursos movimentados eram provenientes de empréstimos para a compra e a venda de gado com Adriano da Nóbrega.

“Quando ele [Adriano] começou a ter esses problemas na polícia, começou a comprar garrote, bezerro. Eu tinha muita amizade com ele. Ele me disse: ‘Queiroz, todo R$ 5.000 que você me trouxer eu compro um garrote’. Eu pegava R$ 5.000 e devolvia R$ 6.000 para as pessoas. Geralmente tinha que dar por mês.”, justificou, como revela o jornalista Ítalo Nogueira, da “Folha de S.Paulo”.


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