Michelle Bolsonaro recebeu depósito de miliciano, mas ousa dizer que o Planalto foi consagrado a demônios

 
Enfrentando resistência no eleitorado, o presidente Jair Bolsonaro atuou nos bastidores para, a peso de ouro, conseguir aprovar a PEC do Desespero, também conhecida como PEC da Trapaça, que aumenta pontualmente o valor do Auxílio Brasil até 31 de dezembro e do vale-gás, assim como cria novos benefícios temporários para caminhoneiros e taxistas.

Com elevado índice de rejeição entre o eleitorado feminino, Bolsonaro apelou à primeira-dama Michelle Bolsonaro, que depois de muita pressão aceitou colocar em campo o proxenetismo da fé alheia. Isso porque Michelle tem comparecido a eventos evangélicos ao lado do presidente da República, no afã de convencer as mulheres a votarem no marido, que busca a reeleição.

No último final de semana, durante evento religioso na Igreja Batista da Lagoinha, em Bel Horizonte, Michelle Bolsonaro abusou da delinquência intelectual ao afirmar que no passado o Palácio do Planalto era consagrado aos demônios, referência inominada aos governos do PT.

“Um momento muito bom saber que a nossa esperança está em Jesus, não tem sido fácil é uma guerra do bem contra o mal mas nós vamos vencer. A nossa nação é rica e próspera, só foi mal administrada, mas o senhor viu graças em nós, não queremos projeto de poder, pagamos às vezes com a própria vida como tentaram matar o meu marido”, afirmou, tentando responsabilizar a esquerda pelo ataque a faca perpetrado em Juiz de Fora (MG), em 6 de setembro de 2018.

Durante o culto, Michelle disse: “Podem me chamar de louca, podem me chamar de fanática, eu vou continuar louvando nosso Deus, vou continuar orando”.

 
Se a primeira-dama é louca, como ela própria sugere, não se sabe, mas seu oportunismo barato e criminoso chega a ser nauseante. O fanatismo da esposa do chefe do Executivo é tamanho, que ela chegou a afirmar que a cadeira de presidente da República pertence a Jesus.

Como se sabe, ao menos três assuntos não devem ser misturados e discutidos com descontrolados: fé, política e futebol. E Bolsonaro e seu clã misturam pelo menos fé e política, como se todos os membros da família presidencial fossem querubins.

Michelle Bolsonaro foi além em eu desvario religioso: “Vou continuar orando e intercedendo em todos os lugares, e sabe por que, irmãos? Porque por muitos anos, por muito tempo, aquele lugar foi um lugar consagrado a demônios. Cozinha consagrada a demônios, Planalto consagrado a demônios, e hoje consagrado ao senhor Jesus. Ali, eu sempre falo e falo para ele, quando eu entro na sala dele e olho para ele: essa cadeira é do presidente maior, é do rei que governa essa nação”.

No terreno do fanatismo religioso, explorado politicamente pela campanha de Bolsonaro, a primeira-dama, que foi criticada por sua participação no evento em Belo Horizonte, repostou nas redes sociais uma publicação feita pela vereadora Sonaira Fernandes (Republicanos-SP), em que o ex-presidente Lula aprece em ritual realizado na capital baiana, em 2021, ao lado de representantes de religiões de matriz africana.

Na postagem, Sonaira escreveu que Lula “entregou sua alma para vencer essa eleição”. A primeira-dama compartilhou a publicação da vereadora e escreveu: “Isso pode né! Eu falar de Deus não”.

Michelle Bolsonaro precisa deixar a hipocrisia de lado, pois é desprovido de moral para falar em demônios quem recebeu deposito bancário de milicianos, ignorando o assunto, e vive com alguém que abocanha parte dos salários dos servidores, nomeia funcionários fantasmas, insiste no negacionismo que deixou mais 690 mil mortos por Covid-19 e associa de forma criminosa e irresponsável a varíola dos macacos à homossexualidade.


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