Covid-19: média de mortes equivale a um acidente aéreo por dia, mas uso de máscara deixa de ser obrigatório

 
A forma como o brasileiro normaliza situações que merecem atenção chega a assustar. Ao longo da pandemia do novo coronavírus, os negacionistas, inspirados pelo irresponsável Jair Bolsonaro, trataram a Covid-19 com impressionante desdém. O absurdo foi tamanho, que as justificativas dos negacionistas foram de “vírus chinês” a alarmismo da esquerda, sem contar o movimento para desacreditar a vacinação e a defesa do uso de medicamentos ineficazes.

Até que a vacinação fosse iniciada no Brasil e alcançasse expressivo número de cidadãos, a doença infectou milhões de brasileiros e deixou milhares de vítimas pelo caminho. Enquanto a maior crise sanitária global do século avançava Brasil afora, a saída era a utilização de máscara de proteção e a constante higienização das mãos.

Se mesmo com números assustadores a pandemia não conseguiu convencer uma parcela da sociedade a usar máscara, agora, com índices menores, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) suspendeu a obrigatoriedade do uso do equipamento de proteção em aeroportos brasileiros e aeronaves.

Anunciada na tarde desta quarta-feira (17), a decisão foi tomada com base no entendimento de que a máscara ainda é recomendável em espaços públicos como aeroportos e aeronaves, mas não obrigatória. Assim, o uso da máscara de proteção passa de medida de saúde coletiva para “compromisso de responsabilidade individual”, de acordo com os técnicos da Anvisa.

 
 Um acidente aéreo por dia

O Brasil registrou 247 mortes por Covid-19 nas últimas 24 horas, totalizando 682.010 óbitos desde o início da pandemia. Os dados são do Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass).

Com os dados desta quarta-feira, a média móvel de mortes no Brasil por Covid-19 dos últimos sete dias é de 175, queda de 18,98% na comparação com os números de uma semana atrás. Há três dias a média móvel de mortes pelo novo coronavírus está abaixo de 200. Trata-se do menor índice desde junho.

A decisão da Anvisa é temerária, pois a Europa volta a lidar com o avanço da pandemia e o aumento de internações devido à doença. A sétima onda da Covid-19, impulsionada pela disseminação de subvariantes da ômicron, sugere que pode ocorrer uma explosão de casos no outono e no inverno no hemisfério Norte.

Esse cenário coloca em risco os passageiros de voos domésticos, já que pessoas vindas do exterior e já contaminadas por alguma variante do coronavírus podem infectar terceiros que deixaram de usar máscaras de proteção nas aeronaves. Em que pese a eficácia do sistema de desinfecção do ar existente nas aeronaves, todo cuidado em relação à Covid-19 é pouco.

Tomando por base que a média móvel de mortes no Brasil pelo novo coronavírus nos últimos sete dias é de 175, estamos diante de um acidente aéreo sem sobreviventes a cada 24 horas, mas a opinião pública trata esse quadro como normal.


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