Regabofe após cerimônia de posse no TSE foi um deboche com mais de 33 de milhões de brasileiros famintos

 
A posse do ministro Alexandre de Moraes na presidência do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), na noite de terça-feira (16), em Brasília, foi importante ato em defesa da democracia e um duro recado ao presidente Jair Bolsonaro, que na busca pela reeleição insiste em colocar em xeque a confiabilidade das urnas eletrônicas, ameaçar o Estado de Direito e intimidar integrantes do Judiciário cujas decisões contrariam seus interesses.

Bolsonaro participou do evento ao lado da primeira-dama, Michelle Bolsonaro, e do filho Carlos, mas deixou o local visivelmente contrariado. Isso porque o novo presidente do TSE fez um discurso que surpreendeu até mesmo os palacianos que apostavam no arrefecimento da queda de braços entre o Executivo e o Judiciário.

Considerando o momento de tensão que o País vive, com seguidas ameaças às instituições, o evento da posse era necessário para passar à sociedade uma mensagem de que a democracia será preservada a todo custo, gostem ou não Bolsonaro e seus descontrolados apoiadores. Ou seja, golpistas não passarão.

Contudo, causou estranheza o fato de que após a cerimônia de posse foi servido um coquetel para os 2 mil convidados pela Corte eleitoral. Trata-se de um escárnio diante dos mais de 33 milhões de brasileiros que passam fome.

 
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Fontes do TSE informaram que a festa foi custeada por associações de magistrados, como costumava acontecer antes da pandemia da Covid-19. A Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB) negou que tenha financiado o evento.

Antes da pandemia do novo coronavírus, as cerimônias de posse do Judiciário eram presenciais, mas contavam com a participação de número reduzido de pessoas. Desta vez, Alexandre de Moraes enviou convites para diversas autoridades do Executivo, Legislativo e Judiciário, inclusive governadores e ex-presidentes da República.

Não se pode falar em democracia quando considerável parcela da população tenta diariamente driblar as agruras da fome. Sem tirar a importância e a necessidade do evento, o TSE poderia ter destinado os recursos empregados no coquetel para alguma organização do Distrito Federal que atende os mais necessitados. Não importa o valor em questão, mas o gesto representaria muito mais a democracia do que um regabofe desnecessário.


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