Morre, aos 91 anos, Mikhail Gorbachev, último presidente da extinta União Soviética

 
O ex-presidente soviético Mikhail Gorbachev, que encerrou a Guerra Fria sem derramamento de sangue, mas não conseguiu evitar o colapso da União Soviética, morreu nesta terça-feira (30), aos 91 anos, informaram agências de notícias russas.

“Nesta tarde, após uma longa e grave doença, morreu Mikhail Gorbachev”, informaram fontes do Hospital Clínico Central à agência russa “RIA Novosti”.

Segundo De acordo com a agência de notícias russa TASS, Gorbachev será enterrado no Cemitério Novodevichy, em Moscou, onde estão os restos mortais de figuras proeminentes da história do país e o túmulo da esposa do ex-líder soviético, Raisa.

Gorbachev viveu longe dos holofotes durante anos devido a problemas de saúde. A imprensa local reportou que o político passou meses no hospital em razão de uma série de doenças.

O presidente russo, Vladimir Putin, expressou suas mais profundas condolências pela morte do ex-líder, disse um porta-voz do Kremlin.

Fim da URSS

Gorbachev, o último presidente soviético, forjou acordos de redução de armas com os Estados Unidos e parcerias com potências ocidentais para remover a Cortina de Ferro que dividia a Europa desde a Segunda Guerra Mundial e trazer a reunificação da Alemanha.

Quando protestos pró-democracia varreram as nações do bloco soviético da Europa Oriental comunista em 1989, ele se absteve de usar a força – ao contrário de líderes anteriores do Kremlin que enviaram tanques para esmagar revoltas na Hungria, em 1956, e na Tchecoslováquia, em 1968.

Mas os protestos alimentaram aspirações de autonomia nas 15 repúblicas da União Soviética, que se desintegraram nos dois anos seguintes de forma caótica.

Ao se tornar secretário-geral do Partido Comunista Soviético, em 1985, com 54 anos, ele se propôs a revitalizar o sistema, introduzindo liberdades políticas e econômicas limitadas, mas suas reformas saíram do controle.

 
Sua política de “glasnost” – liberdade de expressão – permitiu críticas anteriormente impensáveis ao partido e ao Estado, mas também encorajou nacionalistas que começaram a pressionar pela independência nas repúblicas bálticas da Letônia, Lituânia, Estônia e outros lugares.

Muitos russos nunca perdoaram Gorbachev pela turbulência que suas reformas desencadearam, considerando a queda subsequente em seus padrões de vida um preço alto demais a pagar pela democracia.

Depois de visitar Gorbachev no hospital em 30 de junho, o economista liberal Ruslan Grinberg disse ao jornal “Zvezda”: “Ele nos deu toda a liberdade – mas não sabemos o que fazer com ela”.

Reação internacional

O secretário-geral da ONU, António Guterres, disse que Gorbachev era “um estadista único que mudou o curso da história” e afirmou que o ex-líder soviético fez mais do que qualquer outro indivíduo para trazer um fim pacífico à Guerra Fria.

A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, também saudou Gorbachev como um líder “confiável e respeitado” que ajudou a derrubar a Cortina de Ferro, enquanto o presidente francês, Emmanuel Macron, disse que “seu compromisso com a paz na Europa mudou nossa história comum”.

O primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, afirmou que admirava a “coragem e integridade” de Gorbachev.

“Em uma época de agressão de Putin na Ucrânia, seu incansável compromisso com a abertura da sociedade soviética continua sendo um exemplo para todos nós”, destacou Johnson.

James Baker III, secretário de Estado dos EUA na época do colapso da União Soviética, disse que “a história lembrará Mikhail Gorbachev como um gigante que guiou sua grande nação para a democracia”. (Com agências internacionais)


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