7 de setembro: público nos eventos transformados em atos de campanha foi bem menor do que o anunciado

 
A notícia da morte da rainha Elizabeth II, nesta quinta-feira (8), atrapalhou os planos do presidente Jair Bolsonaro, candidato à reeleição, de ver reverberar nas redes sociais os eventos do Sete de Setembro que, financiados com o dinheiro público, foram transformados em eventos de campanha.

No Dia da Independência, os bolsonaristas invadiram as redes sociais para alardear mais uma informação falsa, que fazia parte do projeto mitômano do presidente da República: mostrar ao País que tem o apoio maciço da população.

O objetivo da manobra era de alguma maneira desacreditar os principais institutos de pesquisas, que apontam Jair Bolsonaro na segunda posição em intenções de voto, atrás do ex-presidente Lula. Os apoiadores postaram fotos que dão a impressão de que as manifestações em Brasília, Rio de Janeiro e São Paulo estavam tomadas por populares, o que não é verdade.

Na orla de Copacabana, no Rio de Janeiro, onde o dinheiro público foi torrado sem cerimônia para Bolsonaro mostrar ao mundo que conta com as Forças Armadas, 65 mil pessoas compareceram ao ato travestido de comemoração do Dia da Independência. Em São Paulo, na Avenida Paulista, 33 mil pessoas compareceram para demonstrar apoio a Bolsonaro.

Em Brasília, na Esplanada dos Ministérios, onde aconteceu o desfile cívico-militar, pouco mais de 100 mil pessoas engrossaram o coro a favor de Jair Bolsonaro, que abusou das grosserias, como sempre.

 
Somando os números estimados de apoiadores nas três cidades chega-se a pouco mais de 200 mil entusiastas da candidatura de Bolsonaro que se fizeram presentes nas manifestações. Agregando os números de outras capitais brasileiras, na melhor das hipóteses chega-se a 300 mil apoiadores.

Considerando que 156 milhões de eleitores estão aptos a votar nas eleições de outubro, o contingente de apoiadores de Bolsonaro que foram às ruas corresponde a 0,19% do total. É verdade que a maioria prefere ficar longe das manifestações, principalmente por causa de eventuais atos de violência, mas o presidente não tem a seu favor a maioria que alardeia por intermédio da milícia digital.

No agregador de pesquisas do Estadão, que analisa todos os levantamentos sob a ótica de cada metodologia específica, Bolsonaro tem 33% de intenções de voto, ou seja, pode ter atingido o teto. Faltando24 dias para o primeiro turno, mudar o cenário atual é extremamente difícil, mas não é impossível.

Bolsonaro e assessores mais próximos apostaram no eleitoreiro aumento do valor do Auxílio Brasil, que até 31 de dezembro vale R$ 600, e na criação de alguns benefícios pontuais para melhorar a posição nas pesquisas, mas o efeito esperado não aconteceu.

Tomando por base as chulas declarações de Bolsonaro durante os eventos cívico-militares transformados em atos de campanha, o chefe do Executivo acabou falando para um público já convertido. Isso significa que a pesquisa Datafolha, que será divulgada na sexta-feira (9), pode confirmar a estabilidade já vista nas intenções de voto.


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