Morre na Escócia, aos 96 anos, a rainha Elizabeth II

 
A rainha Elizabeth II morreu aos 96 anos nesta quinta-feira (8), informou o Palácio de Buckingham. A monarca estava no Castelo de Balmoral, na Escócia, mas seu estado de saúde levou os médicos a chamarem a família logo pela manhã.

O príncipe Charles, de 73 anos, herdeiro do trono desde os três anos de idade, agora é rei e será oficialmente proclamado como tal no Palácio de St. James, em Londres, o mais rápido possível.

“A rainha morreu pacificamente em Balmoral esta tarde. O rei e a rainha consorte permanecerão em Balmoral esta noite e retornarão a Londres amanhã”, disse o comunicado do Palácio de Buckingham.

A notícia da morte foi divulgada horas depois que os médicos que acompanhavam Elizabeth II declararam apreensão com o estado de saúde da rainha do Reino Unido.

O Palácio de Buckingham informara em comunicado: “Após avaliação mais profunda nesta manhã, os médicos da rainha estão preocupados com a saúde de Sua Majestade e recomendaram que ela seja mantida sob supervisão médica.”

Desde o fim de 2021, ela vinha sofrendo de “problemas de mobilidade episódicos”, segundo a sede do reinado britânico.

Buckingham, entretanto, havia acrescentado logo depois que Elizabeth se encontrava “confortável” e no Castelo de Balmoral, sua residência de férias na Escócia. Assim como outros altos membros da realeza, o príncipe herdeiro Charles e sua esposa Camilla se dirigiram à propriedade, juntamente com o príncipe William.

 
Chefe de Estado de 16 países

Elizabeth II era a chefe de Estado de 16 países: além do Reino Unido, ela era a soberana de 15 reinos da chamada Commonwealth (Comunidade das Nações) – entre eles, Austrália, Nova Zelândia e Canadá. Como monarca britânica, ela era também a líder da Igreja Anglicana.

Ela nasceu como princesa Elizabeth Alexandra Mary Windsor, em 21 de abril de 1926, em Londres, a filha mais velha do rei George VI e Elizabeth Bowes-Lyon. Nessa época, não havia como saber se ela se tornaria rainha, já que seu tio – o príncipe de Gales e, futuramente, rei Edward VIII – e seu pai estavam à sua frente na linha de sucessão ao trono britânico.

No entanto, ela acabou se tornando, em 21 de dezembro de 2007, a mais longeva monarca britânica e, em 9 de setembro de 2015, a ocupar o trono por mais tempo, superando sua tataravó rainha Vitória nas duas contagens.

Crise da monarquia

A rainha Elizabeth II era uma pessoa reservada. Tinha um carinho especial por cavalos e cães, além do hábito de usar roupas coloridas. Esta não era apenas uma escolha pessoal em seu estilo, mas um esforço para deixar uma marca durante os compromissos reais. Durante seu reinado, ela supervisionou o trabalho de 14 premiês britânicos, que fortemente confiaram em seus conselhos, embora ela tivesse o cuidado de manter suas opiniões políticas longe do olhar público.

Em 1992, um incêndio causou danos ao Castelo de Windsor, a casa da família, e os casamentos de três de seus quatro filhos desmoronaram: a princesa Anne se divorciou de Mark Phillips; o príncipe Andrew e Sarah Ferguson se separaram; e o príncipe Charles – o herdeiro do trono – também enfrentou problemas conjugais com a princesa Diana, de quem se divorciou em 1996.

No mesmo período, o príncipe Charles expôs publicamente o relacionamento controverso que ele tinha com sua mãe e que ela teve com sua esposa, Diana, que era percebida como uma pessoa muito mais calorosa do que Elizabeth.

A morte repentina de Diana em um acidente de carro, em 1997, em Paris, foi um golpe para a família real. Elizabeth foi criticada por não cancelar imediatamente as férias em família em que ela estava na época, e muitos britânicos consideraram que seus poucos comentários públicos vieram muito tarde.

A rainha trabalhou para mudar sua imagem e a da monarquia. Ela foi a anfitriã de um show de rock no Palácio de Buckingham para celebrar seu 50º aniversário no trono em 2002 e deu sua bênção para o casamento do príncipe Charles com Camila Parker Bowles.

A imagem da monarquia, no entanto, sofreu um novo abalo devido à amizade entre o príncipe Andrew, terceiro filho da rainha e duque de York, e Jeffrey Epstein, bilionário americano que foi preso em 2019 sob acusações de comandar uma rede de tráfico sexual. Vieram à tona acusações de que o príncipe abusou sexualmente de uma jovem de 16 anos cerca de 20 anos antes, alegações que ele negou repetidamente. No fim de 2019, Andrew se afastou dos deveres reais após uma catastrófica entrevista na TV.

 
Uma nova era

Elizabeth teve outra rodada de celebrações para comemorar seu 60º aniversário como rainha em 2012 e surpreendeu a todos quando apareceu ao lado do ator Daniel Craig, que interpretou o personagem James Bond, para abrir os Jogos Olímpicos de Londres.

Seus netos também ajudaram a modernizar a monarquia. O príncipe William, juntamente com sua esposa, Kate, é particularmente querido, e muitos gostariam de ver o príncipe Charles abdicar do trono em favor de William – uma quebra na tradição que Elizabeth não iria permitir.

Uma quebra de tradição ocorreu em janeiro de 2020, quando o irmão de William, o príncipe Harry, e sua esposa americana, Meghan, decidiram se afastar dos deveres da família real. A decisão foi apelidada de “Megxit”, em alusão ao Brexit, a saída do Reino Unido da União Europeia.

Quando Harry e Meghan fizeram o anúncio, Elizabeth fez uma rara declaração pessoal, afirmando que, embora preferisse que eles permanecessem como membros da família real trabalhando em tempo integral, respeitava e entendia o desejo deles de viver “uma vida mais independente como uma família, enquanto permanecem uma parte valiosa da minha família”. A reação da monarca foi amplamente elogiada.

Em abril de 2021, Philip, marido de Elizabeth por 73 anos, morreu, fazendo com que a rainha prosseguisse com seu reinado sem o apoio da pessoa que ela descreveu como sua força.

Admirada, criticada, ocasionalmente zombada, mas sempre respeitada: a rainha Elizabeth II proporcionou uma estabilidade à sua nação durante décadas. A monarquia britânica sob seu reinado foi raramente questionada pela maioria dos britânicos. (Com Deutsche Welle)


Se você chegou até aqui é porque tem interesse em jornalismo profissional, responsável e independente. Assim é o jornalismo do UCHO.INFO, que nos últimos 20 anos teve participação importante em momentos decisivos do País. Não temos preferência política ou partidária, apenas um compromisso inviolável com a ética e a verdade dos fatos. Nossas análises políticas, que compõem as matérias jornalísticas, são balizadas e certeiras. Isso é fruto da experiência de décadas do nosso editor em jornalismo político e investigativo. Além disso, nosso time de articulistas é de primeiríssima qualidade. Para seguir adiante e continuar defendendo a democracia, os direitos do cidadão e ajudando o Brasil a mudar, o UCHO.INFO precisa da sua contribuição mensal. Desse modo conseguiremos manter a independência e melhorar cada vez mais a qualidade de um jornalismo que conquistou a confiança e o respeito de muitos. Clique e contribua agora através do PayPal. É rápido e seguro! Nós, do UCHO.INFO, agradecemos por seu apoio.