O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) negou nesta segunda-feira (12) que tenha feito “qualquer acordo com as Forças Armadas ou entidades fiscalizadoras para permitir acesso diferenciado em tempo real aos dados enviados para a totalização do pleito eleitoral”.
A manifestação do TSE foi uma resposta a reportagem do jornal “Folha de S.Paulo”, que mais cedo informou que os militares pretendiam realizar uma inédita “apuração paralela” do resultado do pleito usando como amostra 385 boletins de urna (BUs).
A primeira versão da reportagem, que citou fontes das Forças Armadas, informava que a “apuração paralela” ou “trabalho paralelo de contagem de votos” seria possível graças a um suposto acordo fechado no fim de agosto entre os militares e o presidente do TSE, ministro Alexandre de Moraes. A matéria destacava o temor de que os militares, exercendo pressão sobre autoridade do TSE, teriam conseguido “medida inédita na história democrática brasileira”.
A matéria mencionou que militares que estarão a serviço em operações de garantia de votação e apuração devem ser escalados para tirar as fotos de 385 boletins de urna e enviar as imagens para técnicos das Forças Armadas.
Sem privilégio
O TSE, contudo, negou qualquer acordo, como citado na reportagem da Folha. Os boletins de urna já são disponibilizados para consulta de qualquer interessado, normalmente candidatos ou partidos políticos.
A novidade nas eleições de outubro próximo é que os boletins serão disponibilizados diretamente na internet, sem necessidade de deslocamento para as seções para fotografar cada extrato. Em junho, o TSE já havia informado sobre essa possibilidade, apontando que permitiria “a qualquer pessoa ou instituição fazer contagem simultânea de votos”, bastando ter acesso à internet.
Na nota divulgada nesta segunda-feira, o TSE enfatizou o acesso aos dados: “Independentemente dessa possibilidade (consulta pela internet), como ocorre há diversas eleições, qualquer interessado poderá ir às seções eleitorais e somar livremente os BUs de uma urna específica, de dez, de trezentas ou de todas as urnas”.
Foi isso que fez, em 2020, a ONG Transparência Eleitoral Brasil. Na ocasião, a entidade conferiu nos locais de votação dezenas de boletins de urna. Na sequência, em relatório, apontou não ter encontrado “inconsistências entre o documento e o constante nos sistemas do TSE”.
O presidente da República não desiste de colocar em xeque a confiabilidade das urnas eletrônicas, as mesmas que deram a Bolsonaro e aos filhos inúmeros mandatos eletivos. O plano palaciano é criar um factoide qualquer para reeditar no Brasil a invasão ao Capitólio, em Washington, por ocasião da derrota de Donald Trump nas eleições presidenciais americanas.
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