Na campanha presidencial de 2018, o UCHO.INFO afirmou que Jair Bolsonaro era – como ainda é – desprovido de estofo para ocupar cargo de tamanha responsabilidade e relevância como a de presidente da República. Na ocasião, por razões óbvias e conhecidas, a militância bolsonarista dedicou-nos ofensas e impropérios dos mais diversos, mas mantivemos nossa afirmação.
O tempo passou e, por infortúnio, acabou provando que estávamos certos quando alertamos para o despreparo de Bolsonaro em todos os sentidos. A ida do presidente da República a Londres para participar do funeral da rainha Elizabeth II serviu para envergonhar os brasileiros.
O encontro com o rei Charles III mostrou a falta de preparo de Bolsonaro para eventos que exigem postura de chefe de Estado. O brasileiro tratou o chefe da realeza britânica com deselegância, como se estivesse em um ambiente marcado pela informalidade, mas não é o caso.
O discurso a apoiadores, da sacada da sede da embaixada brasileira em Londres, não deixou dúvidas de que Bolsonaro viajou à capital inglesa para fazer política, não para prestar sinceras condolências aos familiares da rainha.
Na edição de 12 de setembro, destacamos que a diplomacia brasileira temia que a viagem de Bolsonaro a Londres poderia se transformar em “tiro no pé”, como de fato ocorreu. A gravação de um vídeo em posto de combustível na capital inglesa, com o intuito de provar que a gasolina no Brasil é mais barata, foi o ápice do escárnio protagonizado por Jair Bolsonaro e comprovou o nosso alerta anterior.
Bolsonaro pode alegar o que bem entender a respeito do preço da gasolina, mas é preciso lembrar que a PEC que limitou o ICMS incidente sobre os combustíveis é flagrantemente inconstitucional, já que trata-se de matéria de competência dos Estados, não da União.
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Além disso, o presidente, ao fazer tão absurda comparação, preferiu não citar que o salário mínimo na Inglaterra equivale a oito vezes o valor do piso salarial do Brasil. Isso significa que um cidadão inglês gasta 6% do salário mínimo local para encher um tanque de combustível, ao passo que o brasileiro tem de desembolsar 22% do piso nacional.
Nesta segunda-feira (19), ao deixar a residência oficial do embaixador brasileiro em Londres para participar da cerimônia fúnebre, Bolsonaro se irritou ao ser questionado se a viagem poderia influenciar a campanha à reeleição ao Palácio do Planalto.
“Você acha que eu vim aqui fazer política? Pelo amor de Deus, não vou te responder, não. Faz uma pergunta decente. Compara o Brasil com os Estados Unidos… Com o resto do mundo… Se eu não viesse estaria sendo criticado”, respondeu.
Cercado por seguranças, Bolsonaro perguntou aos apoiadores sobre as condições de vida na Europa, mencionou a escassez dos alimentos, das queimadas e dos aumentos sucessivos no preço do gás.
“Alguém tem dúvida que o Brasil é a terra prometida? Por que a insistência em querer botar um ladrão de volta na presidência?”, questionou, dirigindo-se à turba de apoiadores.
Alvo de diversas e severas críticas por parte de autoridades britânicas e de lideranças internacionais, que condenaram sua postura desrespeitosa em relação à memória da rainha Elizabeth II, Bolsonaro finge ignorar a realidade para tentar minimizar os efeitos colaterais do pífio espetáculo que protagonizou em Londres. Em suma, Bolsonaro, além de covarde, é desqualificado.
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